quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sob uma lua de tango.

Você acorda meu corpo de todas as promessas e imperfeições desse mundo amassado dentro da minha cabeça com seu cheiro agradável dos maços de cigarros que comprei na noite passada e que roubou alguns como roubou boa parte de mim, e canta em meu ouvido nossos velhos tangos de amor, desse que se foi há muito tempo atrás sem nos dizer adeus. Acompanho suas pernas que envolvem as minhas e as tragam num suspiro único como Gardel jamais conseguiria fazer
agora estátuta de pedra, não diferente de nós, num último tango silenciado por um cigarro que acabou e que espera encontrar outro para preencher esse vazio de todas as canções.
Em algum lugar desejaria que eu fosse quem ama
mas não desejaria que fosse ninguém, se já é quem eu amo e o universo todo já se estremesse em paz ao sentir isso.

Então vou almejar um céu do qual possamos compartilhar já que somos pó perante tudo, perante a essa estrada em que nos perdemos e que tantos outros se perdem e chamam diariamente de vida, e a minha se torna um pouco menos vida, muito mais destino, ao cruzar meus passos aos seus sob uma lua de tango & dizer com a voz embriagada de nostalgia que você me conduz para dentro dos meus sonhos de Ícaro sem nenhum medo de alcançar o sol
& mesmo Ícaro de asas de carne e sorriso infantil
eu me derreteria por você.

22 comentários:

eloisa disse...

Sempre tango, cigarros, amor e o derreter.

Rafael disse...

Eu já pressentia que a estátua do Gardel um dia ia fazer parte da sua poesia. Senti falta dos teus tangos, dança bem e como poucos.

ah, e por favor, posta hoje lá no blog. A gente tem que começar logo essa bagaça.

Sueli Maia (Mai) disse...

Faça qualquer coisa menos jogar no lixo, viu?
Mistura bombástica e o tango é flórida.
(não sei se deveria suprimir algumas letras..)hihi.
beijos. Eu realmente gosto do que tu escreves.
E o desenho do template ficou massa.

bjo

Julia disse...

Um dia vou para Buenos Aires e prometo colocar um cigarro prá estátua do Gardel com o seu nome.
E somos pó perante tudo mesmo, já dizia a física, poeira do universo.Nem precisamos morrer para virar pó.
Fiquei curiosa com surpresa que anunciou no último post. Desde já, aguardo

Marcelo Mayer disse...

pelo menos estátuas nos não dizem nada. o tango fica na nossa cabeça. o adeus tb. mas prefiro que seja num samba

I'm Sophie Rachel! Nice to meet you, stranger! disse...

Sobre um tango recontado... qualquer dia veja o filme 2046
http://www.imdb.com/title/tt0212712/

lindo!

Um beijo e joga mais coisa no lixo que tamo aqui!

Tatiane Trajano disse...

Quero um bom vinho e alguém dançando tango aos meus olhos.
Enquanto o amor vai me derretendo...

Anônimo disse...

Sou doida pra escrever assim, porra, como você consegue?

O final me lembrou uma música muito bonita de Allface, uma banda alternativa que eu só conheço essa e outra música, mas que é linda, anyway.

Adorei, de todo jeito :**

Rene Serafim - "Juninho" disse...

Sempre me perco nessa estrada. Mas ainda sim continuo seguindo a minha rota.

Luna disse...

tango de gardel...ai ai...[suspiros suspiros]

Madame Morte disse...

Qual a graça das estradas se todas chegam ao fim ou à um fim?

Somos pó, somos matéria, somos nada.Os cigarros que se rouba, inexplicávelmente são melhores de se fumar, em um beijo, trague um coração, você terá dois.

E derreter junto à alguém, os tornará um só.

Natacia Araújo disse...

Somos mesmo pó perante tudo.
E mesmo assim, eu queria um tango agora.
Sublime Katrina!

Rodriguez disse...

E que não falte o tango, amor e bebidas...

S2 disse...

Belo texto.

A estrofe final feita com maestria.Perfeita.

Tango me lembra sedução,envolver-se,e com um toque de mistério.
Muito bom mesmo.

Beijo :D

Junker disse...

Poxa, muito bom. Nao sou muito chegado em argentinos, nao que isso tenha a ver com o texto, mas tenho saudade do Tevez no corinthians. Ficou legal o desenho! Vc deu um upgradre, deixou mais... viral?

Anyway, bom texto e um A+ pra vc.

Paulo Vitor Cruz, ele mesmo disse...

hum, o q fazer com isso?... vejamos...

talvez ler, reler, treler, e concluir q não há o q concluir e q toda interpretação n é mais q uma interpretação, mas q ainda assim, mesmo sem conclusões, sem interpretações, e sem motivo pra tal, existe uma necessidade atrás disso tudo... de escrever, de ler, de reler e treler... uma necessidade q n leva a nada, mas q nos faz querer mais, mais e mais...

*apesar desse blá-blá-blá analítico, equivocado e infundado, achei o seu "almejar um céu..." cativante... (deu até vontade de almejar tbm... risas...)

bai bai.

Daiana Costa disse...

Este voar e derreter mexeu comigo. E gostei da cara nova do blog. (:

Anônimo disse...

Fabuloso! =D

Dancei tango com teu texto.

Marcel Hartmann disse...

Eu caio em tango com a tua escrita.

Natália Corrêa disse...

Que suas asas derretam no sol ou no mar, mas que o vôo seja intenso.

Daniel disse...

"...que você me conduz para dentro dos meus sonhos de Ícaro sem nenhum medo de alcançar o sol"

É tão bom ter alguém que nos conduza, e quando digo conduzir, não é no sentido de ser dependente, mas no sentido de ter vontade de fazer planos, mesmo que seja planos diários.

Beijos

Rafa Feck disse...

mas que diabos que nesta minha vida não caiba estes amores... que no meu radio nunca toque estes tangos, e que nenhum dos meus textos mais engenhosos chegue perto do que tu chama lixo...

muito bom...

Rafa Feck