sábado, 29 de março de 2008

Ao amigo.O mais importante e vital.Presente para os seus 17 anos.


"Não estejas longe de mim um só dia,porque como,

porque,não sei,é comprido o dia,

e te estarei esperando como nas estações

quando em alguma parte dormitam os trens"

(Pablo Neruda)



Ainda estou plena do esplendor da nossa amizade
agora,sento me a mesa para lhe escrever este poema
ou uma tentativa,que o seja.
Dentro do meu peito
explode a alegria de ter te reencontrado
trazendo a claridade que me devolvia a poesia,
a poesia que me devolvia a própria vida.
Juntos
somos livres e serenos
simples e puros
mesmo que malditos
Ao seu lado sinto
felicidade,realização
e todas as nuvens macias do amor.
E vivemos nossa mocidade
com euforia
e com todas as rosas da esperança
Obrigada
por ter nascido nesse dia
aviso prévio do fim dos mês que fecha as águas de verão
aviso prévio da morte das folhas
que amanhã cobrirão teus caminhos em suas manhãs outonais.
E ainda amigo,queria lhe dizer se possível
desculpe-me
por estas palavras inertes
essas palavras sem nenhuma poesia,
porque ela,a poesia,está em ti
e é de ti que tiro a motivação para escreve-la ainda
E você é a única certeza
de que serei feliz
eternamente e completamente feliz,
mesmo que meus olhos acabem mostrando o contrário
porque você sempre me guiará
por todos os caminhos dessa tão torturosa vida.


domingo, 23 de março de 2008

Divagação perante os grandes falos paulistas,sobre a eterna brevidade da vida.

Olá,sou eu de novo
bela donzela arrombada
de ferro e concreto,
que abriga enormes falos
a estuprar o céu,tão cinza
quase negro
quase tão puro.
Sentada numa escadaria
estou comtemplando toda a sua grandiosidade
que se perde em meus olhos tão exaustos de miúdezas,
e concentro-me estática
na vida,que nasce,corre e morre
todos os dias,na sua eterna brevidade.
A velhice,que se recolhe
num simples sorriso juvenil.
A juventude,que pulsa
nas velhas frases ditas.
E você permanece
incandescente em meus sonhos
ao lado dos amigos
amantes delirantes ébrios.
Nunca envelhece
e guarda consigo suas histórias de amor e dor
vividas em suas veias
que pulsam,pulsam,pulsam.
Quantos versos já não lhe foram recitados,
minha lúbrica donzela?
Amanhã,amanhã não serei mais a mesma
porque a brevidade daqueles momentos
de vida
mudaram-me
O tempo,a vida,as paixões
conjuntos de brevidades
que se encontram
AQUI.

domingo, 16 de março de 2008

Declaração*

[Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus
olhos que são doces

Porque nada poderei dar senão a mágoa de me veres
eternamente exausto

Vinicius de Moraes]

Escolheu que aquele dia seria o ideal para se declarar a ela.Uma tarde de sábado,fria com um céu absurdamente nublado,atípico de outros dias.Ela,sentada num banco de uma praça que destoava sua beleza.Era como se esperasse por alguém,todos os sábados,naquela praça até o cair da noite,e sempre fosse esquecida.Era a típica mulher em que se gritava o desejo de ser protegida,que fazia dos homens mais rudes,os mais sensíveis e dedicados.Jamais trocaram palavra alguma,nem o mais singelo e perdido olhar,mas mesmo com tal distância,ele se sentia tão próximo a ela que quase poderia tocá-la.Um toque etéreo.

Decidido,encaminhou-se até ela,temendo que aqueles profundos olhos azuis incandescentes lhe fitasse e lhe tirassem a coragem,tão pouca naquele momento.

Ela,uma visão onírica,perdida em seus pensamentos,ouviu o barulho de passos sobre as folhas secas caídas pelo chão daquela praça.Ele,tão inseguro com a reação que ela poderia ter com o seu gesto,caminhava cada vez mais devagar,esperando que em algum momento,voltasse a ser racional e que desistisse daquele seu plano ridículo de ser declarar a uma estranha,ou que,a espera dela finalmente chegasse ao fim.

Ela,olhando de fininho para aquele que sempre a observara durante tanto tempo,e que,era enfim seu motivo para estar sempre naquela praça,naquele mesmo horário,somente se retirando quando ele se perdia entre as árvores e a noite.Mal acreditava que era ele,ali,vindo em sua direção,em seu encontro.Levantou a face,para poder fixar seus olhos nos olhos amendoados dele e esboçou um sorriso angelical.

Ele,paralizado com aquele olhar tão hipnotizador,e aquele sorriso sublime,convenceu-se de que não seria possível balbuciar palavra alguma a ela.Se sentiu tão inferior,tão fraco e tão humano perante aquela mulher divinizada,que irradiava algo de irreal e de virginal.Teve certeza que ela jamais o amaria,que ela renegasse todo aquele amor nutrido a distância.Ela certamente seria tão superior a ele em tudo,que nem lhe notaria.

Ela,confusa e atônita com a reação dele.Ele,estático á sua frente,como que se estivesse arrependido de ter se dirigido a ela.Se sentiu como a mais renegada das criaturas,que nem poderia merecer um amor platônico,que não poderia ser nunca admirada por alguém.Teve certeza de que ele se enganara em relação a ela,que vira em seus olhos o quão simples ela seria.Comum demais,tola demais.Talvez nem fosse ela quem ele sempre observara,talvez tivesse sido uma outra.Hoje,com o dia tão nublado,o impedira de perceber que estava se dirigindo a pessoa errada.

Ele,ao ver nos olhos dela uma infindável confusão,uma inevitável negação ao seu amor ofertado,deu-lhe as costas e partiu.Não iria resistir ouvir dos lábios dela algo desaprovador,ou pior,que ela nada falasse,apenas se levantasse e o deixasse ali,com tantas coisas a serem ditas,com seus sonhos a lhe caírem um após o outro,a morrerem ali,perante o grande amor de sua vida.Prometeu que não mais voltaria àquela praça.

Ela,teve a certeza ao vê-lo partir,que ele era mais um que amaria,mas que lhe era impossível ser correspondida.Seria sua sina,amar.Sentiu-se ridícula ao acreditar que ele,em algum momento,pensara nela,a amara,e decidira se declarar a ela.Levantou-se,olhou ao redor para ver se ele estaria escondido atrás de alguma árvore,secou as láfgrimas e engoliu toda aquela amarga frustração.Nunca mais voltaria àquela praça.

Ele,se lembraria para sempre daqueles breves instantes em que os olhos dela encontraram os seus tão cansados olhos.Que o sorriso dela,preencheu todo aquele vazio que existia em sua vida.Foi feliz e correspondido,mesmo que brevemente.

Ela,se lembraria para sempre dos passos sobre as folhas secas que a despertaram e que precederam o momento mais inacreditável de sua vida:O homem que sempre amara,ali,em sua frente,olhando fixamente em seus olhos e lhe devolvendo um sorriso débil.Breves instantes que sonharia para sempre.Ela foi feliz,mesmo que ilusioriamente.

*Título temporário ao conto

sábado, 15 de março de 2008

Não era eu

Como alguns sabem,e caso outros tantos não,nesta terça feira,11 de março,tentei me matar.
É estranho pensar nisso agora,com mais tranqüilidade e racionalidade.Como fui chegar a esse ponto tão baixo comigo mesma?
Um amigo,ao saber do ocorrido,disse-me que não era eu,mas sim,uma outra garota tentando se matar.Sim,de alguma forma,ele está certo.
Naquela tarde,deitada naquela cama,definhava uma garota que mantinha por detrás dos sorrisos,uma postura extremamente melancólica perante a vida.Agonizava entre lágrimas,lembranças,culpas e dúvidas,sendo corroída por um vazio que cada vez crescia dentro dela.Ela,que havia desligado todos os telefones,fechara todas as portas e ligara o som no último volume(aliás,um cd que um grande amigo havia lhe mandado por correio,e havia chegado no dia anterior.Vida-Chico Buarque),ainda mantinha o celular ligado(outro ponto a ser lembrado:o celular até aquele momento estava desligado.Ligou-o porque precisava saber as horas.Queria morrer exatamente na hora em que nasceu:16:10).Ela que havia escrito uma carta de 4 páginas,dirigida aos amigos e a familia,uma despedida e algumas informações de como gostaria de ser tratada após sua morte.Inclusive instruções a respeito do que se fazer com o seu corpo.Queria ser cremada,e as cinzas jogadas ao vento,num dia frio e cinza.Ela,que num momento de indizível tristeza e desespero,amarrou uma sacola em seu rosto,fazendo pressão com um travesseiro para que não pudesse mais respirar,segurando a imensa vontade de voltar a inspirar o ar novamente,perdendo os sentidos lentamente,a visão ficando cada vez mais turva,o corpo mais leve...Seguiu a luz azul,ali,perto do seu corpo.Morreu.
16:15,o irmão liga para lhe parabenizar.
Uma outra garota atende o telefone,emocionada,recebe os parabéns.Logo após,algumas mensagens de texto lhe chegam,para também lhe parabenizar.Liga o computador,entra no msn e no orkut,a mesma coisa acontece.
11 de março de 2008,uma outra garota nasceu.

Episódio do inimigo

Tantos anos fugindo e esperando e agora o inimigo estava em minha casa. Da janela, vi-o subir penosamente pelo áspero caminho da colina. Ajudava-se com uma bengala, com uma torpe bengala que em velhas mãos não podia ser uma arma porém um báculo. Custou-me a perceber o que esperava: a débil batida na porta. Não sem nostalgia, olhei meus manuscritos, meu borrão semiconcluído e o tratado de Artemidoro sobre os sonhos, livro um tanto anômalo aí, uma vez que não sei grego. Outro dia perdido, pensei. Tive de forcejar com a chave. Receei que o homem desfalecesse, porém deu uns passos incertos, soltou a bengala, que não tornei a ver, e caiu em minha cama submisso. Minha ansiedade o tinha imaginado muitas vezes, mas só então notei que ele se parecia, de um modo quase fraternal, como o último retrato de Lincoln. Seriam as quatro da tarde.
Inclinei-me sobre ele para que me ouvisse.
- A gente crê que os anos passam para um - lhe disse - mas passam também para os demais. Aqui por fim nos encontramos e o que ocorreu antes não tem sentido.
Enquanto eu falava, ele tinha desabotoado o sobretudo. A mão direita estava no bolso do paletó. Algo apontava para mim e eu percebi que era um revólver.
Disse-me então com voz firme:
- Para entrar em sua casa, recorri à compaixão. Tenho-o agora à minha mercê e não sou misericordioso. Tentei umas palavras. Não sou um homem forte e só as palavras poderiam salvar-me. Atinei em dizer:
- É verdade que faz tempo maltratei um menino, mas você já não é aquele menino nem eu aquele insensato. Além disso, a vingança não é menos vaidosa que o perdão.
- Precisamente porque já não sou aquele menino - replicou-me - tenho de matá-lo. Não se trata de uma vingança, mas de um ato de justiça. Seus argumentos, Borges, são meros estratagemas de seu terror para que eu não o mate. Você já não pode fazer nada.
- Posso fazer uma coisa - respondi-lhe.
- O quê? - perguntou-me.
- Despertar.
E assim o fiz.

Jorge Luis Borges

quinta-feira, 13 de março de 2008

Hoje

Hoje eu quero apenas poder te ver
Hoje é um dia cinza como outro qualquer
Hoje a novela vai acabar
Hoje eu sinto falta de perguntar.
Hoje eu quero apenas poder viver um pouco mais
Hoje a cada instante penso em você.
Hoje eu quero mais um sonho
Hoje a gente pode recomeçar.
Sem pensar no amanhã
o amanhã não pertence a você
nem a mim
O amanhã pertence aos sonhadores
Hoje eu quero gritar versos
Hoje eu quero encontrar poesia
Hoje eu quero sair na chuva e lavar minha alma.
Hoje eu quero limpar as folhas das ruas
Hoje quero conjulgar o verbo no infinito
Hoje a cada instante poder dizer, que
hoje eu sei que nunca esqueci você.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Etilírico

Encontro etílico
etilírico
Abraços que preencheram
os até então vazios braços
Sorrisos que invadiram
os contornos dos lábios
até então sem formas.
Um no outro
os dois,na certeza da esperança se realizando
O mundo renascendo
na ressurreição de quem se sentia morta
Foi um sonho etílico
etilírico
que ultrapassou o horizonte e seu finito
ultrapassou tudo que lembrasse aquele cinza sujo cotidiano
entre a leveza e o prazer
o amor,o intocável novo amor.
Perdemos o tempo
entre copos de alegrias transcêndentais
e tragadas intensas de promessas.
Ao longe,ficaram os ecos
dos meus gritos,que aos poucos viraram soluços
Agora
Ecos dos meus risos
que aos poucos vão se tornando
eternos sorrisos etilíricos.

terça-feira, 11 de março de 2008

11 de março

Perdi os sentidos
sufocada pelas lágrimas.
Luz azul,multicolorida azul
me salvou.
E hoje é mais uma data qualquer
Será que tudo voltará como era antes?

Agora o tempo não pára, rasteja
E eu estou com medo de dormir
E sonhos são sempre profundos
no travesseiro onde estou chorando
Deitada sozinha na escuridão,
com uma memória em minha cabeça
Existe um grande buraco onde está meu coração
E um sentimento de solidão rondando minha cama

Estou olhando para um lugar que desapareceu
Entediada com minhas memórias
Mas algo me trouxe aqui de novo
e eu não consigo deixar o passado sozinho
Torci para que eu nunca encontrasse
toda a merda que eu deixei para trás
Agora eu encontro a criança em mim
e ela vai me lembrar que eu
não consigo esquecer meu passado por muito tempo

Me dê força para encontrar
a estrada perdida em mim
Me dê tempo para me curar
e construir um sonho para mim
Me dê olhos para ver o mundo que me cerca
Me dê forças para eu ser apenas eu
Não quero ouvir as coisas
Porque eu não posso mudar o que veio antes
Construir sonhos melhores para mim
E afastar o medo que me segura aqui

segunda-feira, 10 de março de 2008

Talvez eu morra amanhã

Talvez eu morra amanhã.
Vou morrer sem ter vivido os meus 19 anos
mesmo tendo vivido por 19 anos.
Não deveria nunca ter lido Nietzsche,
agora,eu poderia estar rezando para Deus
para que ele acalmasse meu coração.
Mas agora,só me resta o nada.
Eu não acredito nos Deuses gregos
mesmo achando que eles são mais antimetafísicos
do que o antigo Deus que eu reneguei.
Talvez eu morra amanhã
e não sei se vou morrer feliz,
mas não vou morrer completa.
Partes de mim continuarão espalhadas por aí
mesmo que seja apenas as folhas azuis.
Eu nunca deveria ter acreditado nas paixões.
Eu deveveria ter acreditado no amor.
As pessoas me viram vomitando hoje
vomitando versos na guia do esgoto
por não ter um papel e uma caneta aonde eu pudesse os escrever.
Talvez eu morra amanhã
e gostaria de morrer ouvindo Nick Cave.
Gostaria antes de mais nada,reler meu Uivo
e devolver,mesmo que não pelas as minhas mãos
o Leminski que aqui perto está.
Tocar novamente a face daqueles poucos que ainda amo
ouvir a voz daquele que eu tanto quero estar perto
e me preparar para o nada que me aguarda.
Sair correndo pelas ruas vazias
e me misturar a esse vazio
tornar-me parte dele.
E morrer,sem dor
sem lágrimas
apenas com o sorriso de quem não quer envelhecer
Amanhã,19
Amanhã,nada
Talvez,eu morra amanhã.


quinta-feira, 6 de março de 2008

Lira lisérgica

Lira lisérgica
lirismo despedaçado
(cacos a me cortar,
a me sangrar)
Hermética
soluçante
Você sorriu,devolvi-lhe o sorriso
em meio a um rodopio alucinante de memórias
Lira frêmita
Lizard King
eufóricos
Eufônia voz
que não é minha,nem do rei lagarto
voooooooooooooooooooooooooooooozzzzzzzzz
e não é o fim meu amigo.
Tudo lento,brilhantes a cair em gotas
teto branco,azul turquesa
amarelo
a cor do vômito final