tag:blogger.com,1999:blog-84536737997537526482024-02-07T20:02:18.216-08:00Lixo de textosKatrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.comBlogger336125tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-15922118840181217012012-07-23T14:05:00.000-07:002012-07-23T14:05:22.134-07:00Fotografia sobre a mesa<br />
Tire alguma foto<br />
da qual a realidade seja<br />
mais agradável do que vista<br />
sem nenhuma lente<br />
sem nenhum preconceito<br />
e sem nenhuma violência.<br />
Alguma foto menos<br />
Degradante<br />
em que os rostos não tenham essas marcas<br />
que os daqui carregam<br />
tão doloridas<br />
aos nossos olhos<br />
que já quase não os suportam.<br />
<br />
Tire alguma foto<br />
que me conserve<br />
sorridente<br />
prá eternidade<br />
porque você sabe<br />
o quanto<br />
isso é impossível<br />
nesta realidade.<div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-24925604465254193362012-07-11T19:05:00.000-07:002012-07-11T19:10:55.182-07:00Sob uma lua de tango<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 20px;">Você acorda meu corpo de todas as promessas e imperfeições deste mundo amassado dentro da minha cabeça com seu cheiro agradável dos maços de cigarros que comprei na noite passada e que roubou alguns como roubou boa parte de mim e canta em meu ouvido nossos velhos tangos de amor, desse que se foi há muito tempo atrás sem nos dizer adeus. Acompanho suas pernas que envolvem as minhas e as tragam num suspiro único como Gardel jamais conseguiria fazer</span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 20px;">agora estátua de pedra, não diferente de nós que num último tango silenciado por um cigarro que acabou e espera encontrar outro para preencher esse vazio de todas as canções.</span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 20px;">Em algum lugar desejaria que eu fosse quem ama</span></span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 20px;">mas não desejaria que fosse ninguém</span></span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 20px;"><br /></span></span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 20px;">Então vou almejar um céu do qual possamos compartilhar já que somos pó perante tudo,</span></span><br />
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small; line-height: 20px;">buscando algo com o qual possamos chamar de vida</span><br />
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small; line-height: 20px;"> e a minha se torna um pouco menos vida, muito mais destino, </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small; line-height: 20px;">ao cruzar meus passos aos seus sob uma lua de tango &; dizer com a voz embriagada de nostalgia </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small; line-height: 20px;">que você me conduz para dentro dos meus sonhos de Ícaro </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small; line-height: 20px;">sem nenhum medo de alcançar o sol</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 20px;">& mesmo Ícaro de asas de carne e sorriso infantil</span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 20px;">eu me derreteria por você.</span></span></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-49774711464059621922012-05-02T21:23:00.001-07:002012-05-02T21:28:14.586-07:00De todos os ladosDo outro lado da linha a voz diluía-se como o gelo no copo com um resto de coca cola e vodka deste lado da linha, de estômago embrulhado em papel toalha absorvendo todo o amargo de um dia complicado, mais um dia, tantos outros. O outro lado fica em silêncio, ouve-se uma porta rangendo com o vento que, do outro lado da linha, escancara as janelas e derruba um porta retrato vazio, comprado no dia anterior para preencher o espaço vazio da sala com a foto de um casal desconhecido, que no imaginário, era substituído inúmeras vezes. Deste lado da linha continuava, sobre o dia complicado, sobre a vontade de desaparecer completamente em alguma viagem astral ou de bike pelos pampas argentinos. Do outro lado reage, um riso sarcástico quiçá, percebe-se batidas de leve na mesa de madeira, alguma canção antiga ou código morse? Deste lago regurgita mais algumas reclamações, desaba um pouco na intenção de que do outro lado algo seja notado. Xinga, ofende, manda pro inferno e "vai tomar no meio do seu cu", com aquele sotaque mezzo paulista mezzo gaúcho e ri no meio do outro palavrão, e cu tem meio? Do outro lado ri e é claro que não, mas é algo a se pensar. Essa semana eu tentei mais uma vez, deste lado diz, até onde você resistiu? Do outro lado silenciou-se, alguns barulhos na linha indicavam a interferência de uma onda de rádio ou de celular, e ao se estabilizar ouviu-se apenas deste lado uma linha que caía cada vez mais no abismo.<br />
Ninguém precisa fugir da realidade, ela também está em fuga<div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-62298299896942191422012-04-04T22:15:00.002-07:002012-04-04T22:39:29.569-07:00O JoãoRua Helvétia<div>a voz de um GPS orienta para despistá-la</div><div>as vozes de um casal de travestis</div><div>pedem um pouco mais de amor</div><div>as mãos estendidas, esperando por alguns trocados</div><div>as mãos fechadas, protegendo suas pedras preciosas.</div><div>Ainda existem faixas</div><div>pelas grades do terreno baldio</div><div>onde um protesto ecoa</div><div>em forma de uma revolução social </div><div>de poucas horas apenas.</div><div>(feitas por mãos de que de vício só conhecem o cigarro</div><div>e lutam para descriminalizar o baseado</div><div>que circula livremente pelas universidades</div><div>como matéria do exame final)</div><div><br /></div><div>O João tem sete anos</div><div>um sorriso danado </div><div>e os olhos marejados de esperança</div><div>e diz que quer ser jornalista</div><div>como o moço que conversou com ele e tirou suas fotos</div><div>O João tem sete anos</div><div>tem as mãos e a alma corroídas </div><div>pelo crack</div><div>os dentes e alguns dos seus ossos</div><div>estão quebrados</div><div>e a cabeça está infestada de sonhos & piolhos</div><div><span style="font-size: 100%; ">O João tem sete anos</span></div><div>não saber ler e nem escrever</div><div>mas sabe o que é ser chutado enquanto dormia</div><div>sabe o que significa a Rota</div><div>e sabe que o seu destino no destino deles é a morte.</div><div>O João tem sete anos</div><div>mas amanhã fará</div><div>oito anos</div><div>(assim eu espero)</div><div><br /></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-85525529752082295482012-02-15T18:33:00.001-08:002012-02-15T18:57:18.971-08:00Esquina da Augusta com Dona Antonia de Queiroz<div style="text-align: center;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Eu sou uma solidão nua amarrada a um poste<br /><br /></span><span style="font-style: italic;">(Roberto Piva)</span></span><br /></div><br /><br />Qualquer lugar seria o paraíso<br />mesmo que a pedrinha<br />não fosse jogada com a mesma força<br />(com a qual resisto ainda)<br />perto de você.<br /><br />Talvez um dia lhe diga<br />mas ouvir Joni Mitchell agora<br />é cometer um suicídio aos poucos.<div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-84028875232217265982012-02-14T18:42:00.001-08:002012-02-14T18:51:12.811-08:00O que ela não sabeA solidão tem um teto<br />uma cama confortável<br />e pantufas.<br />Tem leite com achocolatado de manhã<br />e o pão ás vezes quente<br />uma ou outra fruta<br />que com uma ou algumas mordidas<br />já é jogada no lixo.<br />Ela tem 50 reais na carteira<br />um cartão de crédito e débito<br />o cartão do convênio médico<br />e da sua psicóloga.<br />Ela tem um celular<br />em que o namorado liga todos os dias<br />que os amigos mandam mensagens reclamando do sumiço<br />ou dos amigos chamando para beber<br />Ela doí nos calcanhares<br />depois de um dia com a sapatilha nova<br />ou depois de uma noite inteira<br />de saltos altos<br />pelas ruas da Augusta<br />onde dançou no Outs<br />e terminou na sinuca do Bahia.<br />Mas a solidão não tem ideia do que é estar só<br />e não ser sustentada por mais ninguém.<div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-47941085457094719612012-02-10T19:57:00.000-08:002012-02-10T20:07:28.138-08:00Vila Madalena mais Madalena do que AugustaA delicadeza de um tango nos fones de ouvido<br />uma parte de mim é Buenos Aires<br />outra parte com mágoa<br />pelas ruas da Vila Madalena<br />onde todo mundo é poeta<br />de um poema só<br />do qual não rima com absolutamente nada<br />a não ser<br />com uma boêmia recalcada<br />importada da Augusta.<br /><br />Eu ainda prefiro os grafites<br />dos que ainda resistem a isso<br />e dormem na zona norte.<div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-13200531160035053162012-02-09T17:27:00.000-08:002012-02-09T17:33:10.938-08:00Perene.Nas pontas dos pés<br />sambo com a dor <br />de quem não tirou<br />um samba canção do seu corpo<br />e que apenas se contentou com uma marchinha<br />de um refrão bobo e incessante.<br />Você vem como destaque<br />do abre alas<br />do que ficou para trás<br />Como se rissemos <br />dessa distância<br />das linhas vermelhas<br />e patuás.<br /><br />Não tê-lo<br />é um carnaval perene<br />em meu peito.<div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-20989072492126053732012-01-16T19:01:00.000-08:002012-01-16T19:05:03.441-08:00Dolores<!--[if gte mso 9]><xml> <o:officedocumentsettings> <o:allowpng/> </o:OfficeDocumentSettings> 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Quatorze ligações perdidas de um número desconhecido num curto período de duas horas. Desligou o celular sem ao menos descobrir quem tanto a ligava, sem ao menos ter sido absorvida por um pouco de curiosidade ou preocupação. Estava muito tranquila, como há muito tempo não se sentia ao trilhar o caminho de volta ao seu apartamento. Também estava muito cansada e já sentia o seu cheiro sobressair o perfume que usara de manhã ao sair para o trabalho, os saltos incomodavam seus pés que não sabiam exatamente onde se apoiariam: se jogavam todo o peso para a ponta dos pés ou para todo o calcanhar.<span style="mso-spacerun:yes"> </span>De vez em quando parava e tirava um dos saltos para que um dos pés descansasse um pouco e se lembrasse a postura correta para usá-los, o dedão do pé parecia inchado mas não tinha certeza, também não tinha certeza se era câimbra o que sentia em sua panturrilha.<span style="mso-spacerun:yes"> </span>Estava próxima da rua do seu apartamento, onde usualmente havia uma grande movimentação naquele horário devido aos bares e restaurantes, mas que naquela noite estava vazia, com poucos carros estacionados e um ou outro que aparecia e desaparecia na curva de uma esquina. Tirou de sua bolsa seu já velho Ipod mesmo que só faltassem uns 5 minutos até chegar à sua casa<span style="mso-spacerun:yes"> </span>e deixou que o shuffle escolhesse a canção que por acaso seria If you hold a stone, talvez do melhor álbum do Caetano Veloso na opinião do seu ex namorado, que nem sabia o nome do álbum e não conhecia o Caetano até conhece-la. </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">O porteiro a cumprimentou da guarita meio sonolento e desnorteado sem mesmo olhá-la direito. Não havia ninguém no hall de entrada como era de se esperar (não talvez para aquele horário), porém as revistas da sala de espera estavam espalhadas pelo chão e algumas inclusive estavam rasgadas. Talvez fosse uma das crianças do casal do quinto andar, do quarto ou do terceiro andar, mas preferiu não chutar o andar onde haviam as tais crianças (se é que haviam crianças naquele prédio ou mesmo casais). Estava tão cansada que sentou-se em uma das poltronas até que o elevador chegasse ao térreo do décimo andar. Segurava os saltos em uma das mãos e a outra revistava a bolsa no colo em busca do maço de cigarros e isqueiro, mas não os encontrava. Encontrou uma caixa de tranquilizantes quase dentro da bolsinha de maquiagem, mas não se lembrava de carregar consigo aquilo. Também não se lembrava que o elevador estava quebrado já fazia um mês e por sorte ela morava no segundo andar.<span style="mso-spacerun:yes"> </span>Subiu os dois andares descalça, agora se lembrando que para se andar de salto o peso dos pés tem que se dividir entre as pontas dos dedos e o calcanhar, nunca jogando o peso do corpo todo para uma só das partes. Movia de vez em quando os dedos como se conduzisse um cigarro imaginário sendo que a vontade naquele momento era tão real que roía as unhas e deixava pelos lábios os pedacinhos do esmalte azul da semana passada. A cada degrau o seu corpo era arremessado para a frente, o peso do tempo a movendo lentamente. Tentava se lembrar de tanta coisa, mas só conseguia se lembrar agora do refrão de “Zombie” de uma banda irlandesa que não era o U2 e ela não lembrava, ela não conseguia se lembrar de tal maneira que no quadragésimo degrau sentou-se e tentou controlar um pouco o desespero da situação. Tentou aliás, se lembrar porque estava tão desesperada de tal forma que estava chorando e roendo as unhas. Os saltos foram arremessados até o trigésimo sétimo degrau e não havia uma previsão de resgate. </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="mso-ansi-language:EN-US" lang="EN-US">In your head, in your head</span></i></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">A canção se repetiu sete vezes e sete foram suas tentativas de se recordar o nome da banda <span style="mso-spacerun:yes"> </span>que também já não se recordava que era irlandesa, como uma outra banda que ela também conhecia e que não conseguia se recordar qual seria. O Ipod estava sem bateria desde o momento em que ela entrou no prédio.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Desistiu.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Buscava agora a chave do seu apartamento dentro da bolsa (e tentava se recordar como é que fora parar na porta do seu apartamento sem seus saltos). Ao abrir a porta, se deparou com sua sala quase destruída. O sofá estava de lado e em pé, sua mesa de vidro quebrada assim como alguns vasos e objetos de decoração, suas lembranças de viagens e presentes de amigos espalhados pelos cantos, alguns próximos de uma televisão caída. Algumas fotos espalhadas pelo chão estavam rasgadas, mas seu rosto sempre permanecia intacto nas imagens, intacto e solitário em meio aos fragmentos das outras pessoas. Não se desesperou ao andar pelos cômodos e ver as paredes rabiscadas com palavras e desenhos inidentificáveis e suas roupas rasgadas, peças íntimas expostas nas luminárias e seus livros jogados dentro de panelas transbordando água. Não se desesperou ao ver marcas de sangue pelo chão, manchas que conduziam até o lavabo do banheiro que apresentava poucos sinais de destruição. Ela estava absorvida em todos os detalhes, absorvida demais para se desesperar por aquilo, ou por ela. O telefone tocava abafado, até que descobrir que estava dentro do lixo. Na segunda chamada atendeu a ligação, a música na cabeça, a banda irlandesa que a vocalista tinha nome de dor, os pés que doíam sem seus saltos. A pessoa do outro lado da linha gritava ao mesmo tendo que agradecia a Deus por tê-la atendido finalmente. Não compreendia tudo o que se dizia do outro lado, mas entendia que estavam preocupados com ela. Quem? Ela não se lembrava. A mulher apenas dizia que iria agora mesmo busca-la (seria sua mãe?) e que ela tomasse dois comprimidos do remédio (o tranquilizante?) que ela havia posto em sua bolsa ás escondidas para um caso semelhante a esse (que caso?). Não mais gritava, mas chorava enquanto pedia alguma coisa a Deus, implorava que ela tomasse os dois comprimidos e que ficasse no quarto. Agora ela dizia algo sobre surtos e suicídio, algo a respeito de sumir durante uma semana e a família (que família?) estar a sua procura (mas não havia ido ao trabalho?). Ela ficava muda, ouvia a mulher desabafar e aconselhar, apenas consentindo quando o silêncio e a urgência de suas palavras surgiam. A mulher novamente recomendava o remédio, o quarto e a calma. Ela não aguentava mais. A mulher pedia que não desligasse o telefone, para que permanecesse na linha, que contasse como chegou em casa. O fio do telefone cada vez mais se parecia com um colar de madrepérolas que ela sempre quis em sua infância, mas nunca teve a chance de usá-lo. A mulher chorava, dizia algo sobre amor e que tudo ficaria bem. O fio do telefone ficaria bem entre as suas correntes. Comentou apenas para que a mulher ligasse mais tarde, que ela iria tomar (então) os comprimidos e experimentar um colar de madrepérolas que ela havia comprado. A mulher consentiu, pediu cuidado e disse sobre amor. Antes que ela desligasse, perguntou à mulher misteriosa do outro lado da linha:</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:EN-US" lang="EN-US">- Tem uma banda, in you head in your head, zombie, zombie, zombie. </span>Ela é irlandesa, a vocalista tem um nome que lembra dor, ou que doí. Você sabe quem é?</p><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-82295877181490605052012-01-05T21:11:00.000-08:002012-01-05T21:19:45.543-08:00Down downtown<!--[if gte mso 9]><xml> <o:officedocumentsettings> <o:allowpng/> </o:OfficeDocumentSettings> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> 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destino, em silêncio, com medo de que algo muito frágil entre eles fosse quebrado com a primeira palavra pronunciada. </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Ela foi a primeira a se manifestar ao dar um sorriso meio desgovernado e alinhar sua cabeça no ombro dele, tentando sussurrar algo que era impossibilitado pelas risadas provocadas pelas cócegas que ele sentiu naquele instante. Era difícil não sentirem um estranhamento ao se tocarem com aquela intimidade depois das garrafas deixadas para trás transbordando de mágoa.<span style="mso-spacerun:yes"> </span>Suas peles eram feitas de vidro e qualquer toque estava sujeito a fraturas e estilhaços que machucariam qualquer um que estivesse próximo, mas também estavam sem pele e qualquer toque ocasionaria dores lancinantes até se desintegrarem, talvez se tornando início: cinzas.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Você é capaz de lembrar de alguma coisa que eu disse no começo? Algo que prove que eu posso ter sido uma companhia bacana mesmo se eu não tivesse bebido nada?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Vejamos, você disse que o que mais odeia em toda a filosofia marxista é essa coisa de chamar todo mundo de companheiro. Que chamar de companheiro consegue ser pior do que chamar de brother e que chamar qualquer pessoa de ambos, prá você, consegue ser pior do que xingar de filho da puta. Lembra disso? Eu não parava de rir com esse seu comentário.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Vagamente, foi bem antes da vodka isso? Eu parecia chata, não parecia? </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Foi antes, você nem estava falando enrolado ainda. Foi erro meu ter lhe oferecido vodka enquanto você se mantinha forte na cerveja. Mas não parecia chata, ou pelo menos não ficou assim do meu lado.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">A estação de metrô abre, as pessoas próximas se encaminham rapidamente para dentro das acomodações e ignoram o casal sentado próximo à escada como se fossem dois cães de rua, silenciosamente abandonados num canto qualquer por alguém. <span style="mso-spacerun:yes"> </span>Ela procura dentro da bolsa o seu celular e deixa derrubar sua escova de cabelo e um absorvente. Ela não repara, mas ele não conseguia tirar os olhos daquele absorvente<span style="mso-spacerun:yes"> </span>como se fosse uma evidência de que ela era tão humana quanto qualquer outra mulher, tão sujeita a sangramentos quanto as demais.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Desculpa pelas perguntas, é que eu ando meio mal esses dias.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Você contou, eu te entendo.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Eu devo ter contato tudo quando eu estava bêbada né?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Se eu te conhecesse a mais tempo eu diria que foi tudo. Como te conheço a pouco, acho que foi só o suficiente para uma noite.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Eu pareço uma cadela insensível não? Eu lembro vagamente de ter te empurrado quando tentou me beijar.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Você parecia que ia chorar, ficou calada e meio distante por um tempo depois de ter dito tudo aquilo. Eu só queria te abraçar e te dizer, sei lá, que estava tudo bem. <span style="mso-spacerun:yes"> </span>Sabe, aquilo não ia mais acontecer, essas coisas.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Mas eu lembro de ter te empurrado, não foi? <span style="mso-spacerun:yes"> </span>Você caiu até. Eu nem tentei te levantar, devo ter rido. Aliás, eu ri não foi? As pessoas encontram algum motivo para rir no desespero.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Caí da mesa, tive até que dizer para você ter calma, eu não ia mais tocar em você, que aquilo que aconteceu com você não ia acontecer hoje, lembra? Quando eu me levantei e vi você rindo fiquei mais tranquilo. Eu esperava ter que sair atrás de você pelas ruas, com medo de sei lá, que você tentasse fazer <span style="mso-spacerun:yes"> </span>alguma besteira contra você mesma naquele estado.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Mas eu corri, não lembro bem qual foi o motivo, mas eu corri de você. Lembra?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Eu segurei a sua mão depois de ter contato um pouco sobre mim. Deve ter sido muito para você e então, bom, você se levantou e saiu andando do bar. Eu paguei a conta e fui atrás de você. Parecia desnorteada e quando percebeu que eu te seguia começou a correr.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Eu te xinguei tanto e você só tinha feito o favor de me ouvir a noite toda. Viu como eu fui uma vaca estúpida com você? Insensível prá cacete?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Não, olha só: não é porquê você não me deixava te tocar e te ajudar que você é isso. Não nos conhecemos a tanto tempo assim, as nossas peles ainda estão estranhas. Elas doem e podem se quebrar a qualquer momento. Você me contou algumas coisas da sua vida, eu contei outras da minha, mas ainda assim <span style="mso-spacerun:yes"> </span>eram superficialidades, camadas sobrepostas a essas nossas peles. Seremos esquecíveis em breve, você vai ver. Não se preocupe no que eu acho de você agora, seria uma opinião baseada em uma camada, entendeu?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Entendi, mas o que você acha de mim agora?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Quer mesmo saber?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Claro! Diz aí, o que você acha de mim?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Acho que você está cansada demais por hoje e que deveria entrar logo nessa estação e voltar para casa. </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Não vai mesmo dizer né?</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Eu acho que eu também estou cansado demais por hoje e que meu ônibus é aquele que está se aproximando daquele ponto perto dos correios, e que se eu não o pegar agora, só daqui a uma hora.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun:yes"> </span>- Você parece um fugitivo.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">- Você também. <span style="mso-spacerun:yes"> </span>Assim como eu, você também está fugindo da sua pele.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Levantaram-se com a ajuda um do outro e seria a primeira vez que se tocariam sem medo da dor que isso lhes causariam. Ela garantiu que tinha o número dele gravado em sua agenda e que ligaria ainda naquele dia por respostas. <span style="mso-spacerun:yes"> </span>Ele a abraçou rapidamente e correu para o ponto antes que o ônibus, que já havia parado na rua acima, dobrasse a esquina e o esquecesse ali a mercê do frio e do sono. </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Mandou-lhe beijos à distância que se perderam pelo caminho.</p><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal"><br /></p><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal">Conto baseado em Downtown</p><p style="text-align: justify;" class="MsoNormal"><iframe src="http://www.youtube.com/embed/1p809FSIFas" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" width="420"></iframe><br /></p><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-41236334903227776412012-01-01T15:01:00.000-08:002012-01-01T15:10:51.459-08:00Cola PrittFiz um risco sobre a linha do metrô<br />que leva exatamente o mesmo tempo<br />do plano que tracei para esquecer<br />as palavras que eu recortei<br />da revista que você odeia<br />e que colei<br />na tentativa de criar um poema<br />que mesmo rasurado no título<br />fizesse algum sentido saturado.<br />Mas as palavras caíram uma por uma<br />por falta de um pouco mais de cola pritt<br />e muita sinceridade.<div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-20920687135178369962011-11-25T20:49:00.000-08:002011-11-25T21:01:08.422-08:00Bloco de notas.<p class="MsoNormal" style="text-align: right;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><i>Para Igor & Mauro.</i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><i><br /></i></p><p class="MsoNormal" style="margin-top:0cm;margin-right:60.0pt;margin-bottom: 0cm;margin-left:18.0pt;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;tab-stops:432.0pt 438.0pt"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">Era a última folha do bloco de notas, já rasurada e amassada<span class="MsoCommentReference"><span style="font-size:8.0pt"> </span></span>que demonstrava a agitação das mãos de Marcos sobre uma matéria em branco que, muito tinha o que se falar, mas mal sabia o que escrever. A primeira matéria longe da faculdade e do jornalzinho impresso às custas de seus pais, distribuído gratuitamente entre os seus amigos e demais alunos do curso de jornalismo da mais tradicional faculdade de São Paulo, e que para os amigos mais próximos, revelava com orgulho ter se formado com louvor e perspectivas de breve e rápida ascensão.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:0cm;margin-right:60.0pt;margin-bottom: 0cm;margin-left:18.0pt;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;tab-stops:432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">As pessoas daquele bairro da Zona Norte sobreviviam com louvor às adversidades da vida e não se orgulhavam nem um pouco de terem chegado onde estão. Certamente, o cadáver que Marcos acabara de ver, também não.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:0cm;margin-right:60.0pt;margin-bottom: 0cm;margin-left:18.0pt;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;tab-stops:432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">Sua mais aclamada matéria para o jornal <i>Nossa Opinião</i> (alusão muito bem sacada ,diriam os leitores, ao jornal que fez grande oposição durante os Anos de Ferro) foi a respeito da repressão do governo e das autoridades aos movimentos estudantis, que ganharam força nos anos 2000 com o advento da internet e, consequentemente, a rápida transmissão e compartilhamento da informação por todos. A política do “pão e circo” deveria acabar para que florescesse o real socialismo, mais técnico e ideológico. Até hoje, muitos dos seus colegas comentam a grandiosidade de uma matéria como aquela num jornal estudantil (que torciam, fervorosamente, para que Marcos repetisse o feito agora em um grande jornal).<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:0cm;margin-right:60.0pt;margin-bottom: 0cm;margin-left:18.0pt;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;tab-stops:432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">O cadáver jogado no meio-fio da calçada <a>sofria a repressão </a>de um grupo de traficantes, que comandavam tanto as favelas daquela região quanto os bairros periféricos. Foram dois tiros no peito (um pouco abaixo da clavícula esquerda) e um no estômago (que aparentemente apresenta grandes possibilidades de também ter perfurado o fígado e o pâncreas). Era membro de uma ONG que batia de frente com os criminosos de forma pacífica, ao tentar afastar os jovens das promessas do tráfico com o auxílio dos esportes e da cultura, com respaldo pedagógico e psicológico necessário a pessoas que viviam todos os dias uma realidade insustentável. O cadáver ensinava aos jovens as técnicas para a mixagem de sons e batidas no hip-hop, promovia alguns concursos para a escolha da melhor letra ou do melhor MC. Ao seu lado, uma jovem gritava por justiça, mas não dizia o nome do cadáver, talvez pela dificuldade imposta por tamanha dor e descaso. Olhava para Marcos esperando que este tomasse qualquer iniciativa para com o corpo, mas ele só pensava em seu próprio corpo, trêmulo, e o bloco de notas amassado em uma das mãos com umas poucas anotações rasuradas. A ONG lutava para que a subprefeitura da região fechasse um convênio para a compra de computadores e a assinatura de banda larga, tendo como argumento a importância e a extrema necessidade ao acesso a todo tipo de informação para os jovens, futuros formadores de opinião. No instante <st1:personname productid="em que Marcos" st="on">em que Marcos</st1:personname> rasurava mais um trecho de suas anotações, o projeto permanecia sob outros projetos, em algum departamento para o desenvolvimento social.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:0cm;margin-right:60.0pt;margin-bottom: 0cm;margin-left:18.0pt;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;tab-stops:432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">Os pais de Marcos, inicialmente, foram contrários à escolha do filho em cursar jornalismo. Onde já se viu, diziam, o filho de dois juízes escrever notinhas em jornalecos? O garoto era irredutível quanto a recuar em sua escolha, não se enquadrava naquela vidinha burguesa e buscava se libertar das amarras da sociedade consumista que lhe sufocava, mas se sentia muito aliviado quando sua mesada caía em sua conta corrente. No fundo, ele sabia: seus pais também já tiveram os mesmos objetivos mas tentaram os alcançar de outra forma, e se perderam no meio termo e das frases em rodapés. De qualquer forma, o que perderiam com um filho jornalista? O porta voz dos oprimidos e dos assinantes.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">Os pais do jovem assassinado estiveram no local do crime para reconhecimento do corpo <i>in loco</i>. Não foram chamados pela polícia, mas souberam por um vizinho que talvez, seu filho único houvesse sido assassinado. O filho do qual eles, por 23 anos, economizaram um quarto de seus salários para aplicarem em uma poupança, para que ele pudesse, um dia, cursar uma faculdade e escapar daquela vida. O menino estava no terceiro ano de ciências contábeis e estagiava numa pequena empresa<a> </a>de contabilidade no centro de São Paulo. Os vizinhos comentavam que os pais sempre desejaram que o menino fosse doutor. O dinheiro economizado ainda não fora o suficiente para bancar a universidade, o que fez a mãe do garoto, que já era aposentada, voltar a realizar alguns serviços de costura para a comunidade. Fora sim uma boa escolha a do garoto, afinal. Mas agora estavam ajoelhados na calçada, a mãe segurando sua mão e o pai com sua cabeça ensanguentada no colo, ambos sem qualquer escolha. Os policiais tentaram em vão os afastarem da cena do crime, até que desistiram perante a impossibilidade de mais uma vez, afastarem os pais daquele menino. Marcos escrevia alguma coisa quando o pai, segurou sua mão, e pediu que incluísse na nota que o filho fizera muito pela comunidade e aquele era o agradecimento que recebia. É isso que dá querer mudar o mundo, dizia, não dá para mudar nem o bairro.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">Marcos chegou no primeiro dia de trabalho na redação com a certeza de que impressionaria todos ali. Foi estagiário de uma revista de grande circulação nacional, e mesmo apenas tendo feito a redação de algumas matérias, trazia consigo a experiência de trabalhar sobre pressão e com precisão. Quando indagado pelos jornalistas próximos à sua baia sobre o trabalho de campo, confessava que era o que mais desejava fazer, a emoção de estar nas ruas, no momento em que tudo acontece, escrever a história e entrar para ela. Alguns de seus colegas riram, um deu um tapa em suas costas e um outro comentou que era sempre assim, nosso dia a dia, o reconhecimento de todos ao contribuírem de maneira significativa para a história. Melhor se acostumar a isso, ao reconhecimento diário e claro, as inúmeras oportunidades de mudar o mundo. São tantas que é muito difícil para um iniciante como ele, foquinha, escolher qual é a melhor para aquele momento. Marcos não sabia, mas era o que ele mais queria em sua vida.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">As primeiras frases no bloco de anotações reserva (precavido, levou dentro da calça mais dois pequenos blocos de R$ 0,80) eram ilegíveis. Parte pelo nervosismo ao ver o jovem morto e parte por ter que relatar ao jornal o que aconteceu. O carro do IML chegou logo após as 16:00 horas, 2 horas após o jovem morto ter sido baleado por dois homens em uma moto. Os assassinos ainda não foram reconhecidos e ninguém anotou o número da placa do veículo. A mãe se apoia no carro para não desmaiar enquanto o pai fala com algum parente no telefone. O corpo é colocado dentro de um saco e retirado pelo carro do IML, seguido por uma viatura da polícia. A segunda viatura ainda permanece no local, acompanhando alguns peritos. Marcos foi até um bar ali próximo, sentou-se na mesa e pediu uma tubaína em garrafa e uma coxinha. Repassou cena por cena do que presenciou, além dos relatos que ele não recolheu, mas que ouviu ao seu redor. De onde estava, a visão era tragicamente privilegiada. Via a jovem que antes gritava, abraçar alguns amigos próximos. Os pais entraram na viatura e provavelmente se dirigiam a delegacia para enfrentar uma puta burocracia ao registrarem o B.O e provavelmente uma outra, ainda mais desgastante e humilhante, que seria a liberação do corpo do filho. As anotações foram além da notícia: fizeram uma história de 3 laudas, 2 tubaínas e 3 coxinhas. Paralelos entre suas vidas foram traçados e seus argumentos se afastaram da impessoalidade, transformando as anotações num relato fiel de quem talvez tenha presenciado desde o nascimento do garoto até a sua execução, uma testemunha ocular do calvário do jovem assassinado. Não daria outra, primeira página do caderno popular. Ainda não era o que ele esperava, mas já era um começo para um brilhante jornalista como ele. Já imaginava até a diagramação: meia página, uma foto no meio (ele havia tirado com uma câmera semi profissional que sempre carregava consigo em casos de emergência), talvez os dos pais ajoelhados com o corpo do filho. No caminho de volta para a redação pensaria num bom lead e em um título.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:0cm;margin-right:60.0pt;margin-bottom: 0cm;margin-left:18.0pt;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;tab-stops:432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:0cm;margin-right:60.0pt;margin-bottom: 0cm;margin-left:18.0pt;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;tab-stops:432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">O chefe da redação chamou Marcos até a sua mesa e passou o seu primeiro trabalho jornalístico: Um cara foi morto a alguns minutos num dos bairros próximos do prédio e a pessoa responsável por esse tipo de matéria ainda não havia chegado e muito menos atendia os telefonemas. <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:0cm;margin-right:60.0pt;margin-bottom: 0cm;margin-left:18.0pt;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;tab-stops:432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">- Vai lá e cobre o caso, e de preferência, seja breve. Não esquece do bloquinho e de uma boa caneta preta. Jornalismo é isso aí cara, tudo acontecendo ao mesmo tempo, e nunca estamos alertas o suficiente.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:0cm;margin-right:60.0pt;margin-bottom: 0cm;margin-left:18.0pt;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;tab-stops:432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">- Eu pensei que eu iria cobrir alguma coletiva de imprensa, você sabe, levantar alguns dados também. Sempre tive um certo talento para o jornalismo investigativo ou pro político.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; "><br /></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:0cm;margin-right:60.0pt;margin-bottom: 0cm;margin-left:18.0pt;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;tab-stops:432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 60pt; margin-left: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; ">- Cara, vai lá e cobre essa matéria antes que outro jornalista chegue antes de você. Vai lá levantar os dados com os moradores e a polícia, junte as peças do quebra cabeça e fica por lá até chegar outros jornais. Mas vai! Não fica pensando.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="margin-right:60.0pt;text-align:justify;tab-stops: 432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="margin-right:60.0pt;text-align:justify;tab-stops: 432.0pt 438.0pt"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-right: 60pt; "> Sua matéria ocupou um box com pouco mais de 5 linhas, um pouco menor que uma das folhas do seu bloquinho de anotações.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-right: 60pt; "> Nenhuma das palavras utilizadas foi escrita por ele.<o:p></o:p></p> <div><!--[if !supportAnnotations]--> <hr class="msocomoff" align="left" width="33%" style="text-align: justify;"> <!--[endif]--> <div><!--[if !supportAnnotations]--> <div id="_com_1" class="msocomtxt" language="JavaScript"><!--[endif]--><!--[if !supportAnnotations]--><span class="Apple-style-span" style="font-size: 11px;"><a name="_msocom_1"></a><!--[endif]--> </span><p class="MsoCommentText" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 11px;"><br /></span></p></div></div><div><div id="_com_3" class="msocomtxt" language="JavaScript"> <!--[if !supportAnnotations]--></div> <!--[endif]--></div></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-3309722876612805252011-07-22T21:16:00.000-07:002011-07-22T21:57:44.713-07:00Anti-história.<div style="text-align: justify;">C. telefona histérica dentro de um ônibus (ou metrô) e suas últimas palavras eram pequenos palavrões que esperaram por anos até aqueles 2:05 de conversa numa ligação a cobrar. Do outro lado ele limpava as lentes dos óculos em sua camisa engordurada pelo balcão do bar da família (carinhosamente chamado de restaurante) e pregaria os olhos (sem as lentes) na rua que ali desembocava na porta de entrada (e era uma avenida semi estrada, como muitas coisas naquela cidade, sempre semi, nunca completas). </div><div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A sensação de vazio que ia sentido a cada adeus que C. gritava ao telefone (que ele amargamente concordava e pedia para que não desligasse, não agora, diz mais uma vez adeus porque eu não sei, mas diz mais uma vez e continua, por favor) foi preenchido pelo verdadeiro vazio das mesas onde ele, um pouco mais jovem, se imaginava sentado em cada uma com C. e lhe descreveria como imaginava aquele momento, naquele bar semi restaurante, onde ele lhe ofereceria o cardápio e ela poderia escolher qualquer coisa porque, afinal, seria por conta da casa e ele a acompanharia naquela escolha e em todas as outras que ela decidisse, mas não no adeus, que ele concordava necessário (mas pedia para que ela repetisse tantas vezes antes dos palavrões e da ligação cair, de um precipício imaginário, junto com ele.). C. imaginava o encontro em algum bar (também) onde logo após algumas doses ela se inclinaria um pouco para frente dando a entender que ele também poderia se inclinar um pouco mais para frente, e depois dos trâmites óbvios, dividiriam a conta e iriam para qualquer lugar que não fosse dele ou dela e que daquele dia em diante seria dos dois, naquela cidade que não lhes pertenciam. Mas não fora assim e nem deveria. Mas se encontraram num lugar neutro onde ele seria ele, o cara que fica atrás do balcão, e por isso, a afastaria para sempre e aos poucos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ele fora demasiadamente pequeno em tudo a ponto de C. não lhe caber, espaço apenas para uma cicatriz que a própria C. insiste para que ele esconda, faça alguma tatuagem ou sobreponha a outras cicatrizes, mas ele não consegue. Insiste na camisa branca engordura e em planejar sua vida sempre após o expediente do bar quase qualquer coisa, onde R. (outro R. como ele & mesmo tão jovem é tão velho e mesmo tendo tanto já não tem nada) lhe dedica "Last Night" no palco improvisado, com sua banda que, bem todos sabem, jamais saírá do perímetro urbano daquela cidade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Namora B. que mesmo vindo antes de C. não quer dizer absolutamente nada.</div></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-58775085328518775542011-07-16T22:10:00.000-07:002011-07-16T22:16:08.248-07:00Sobre o tudo.Como foi dito anteriormente, a minha novela "Movimento rápido dos olhos" saíra muito em breve, completa, com seus 10 pragmáticos capítulos. Devido a isso, não lançarei o restante da novela por aqui, como fazia em doses homeopáticas.<div><br /></div><div>A série "Paulistanagens" também não será mais publicada aqui. Recentemente, recebi uma proposta para trabalhar em parceria com o ilustrador/quadrinista <a href="http://fuscomics.wordpress.com/">Raphael Andrade</a> e iremos transformar o Paulistanagens em quadrinhos. Recebi hoje o primeiro esboço e não consigo esconder a minha ansiedade para que mais esboços povoem minha caixa de entrada e que, obviamente, deixem muito em breve de serem esboços.</div><div><br /></div><div>Sansão vai bem, obrigada.</div><div><br /></div><div><i>Até mais.</i></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-18969023074503323882011-07-16T08:08:00.000-07:002011-07-16T08:25:55.029-07:00Movimento Rápido dos olhos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhToFfCarkJTEa_opMCoCiiNqNwRrt1ZBEGDZ5yxwgWwcp2JnTR-856FMrGidWgSRtAzRZvBkSg9fdiDHFFxwfdsuA7lBQSKLAj-uaV2u0w7h5bQb_1frt1uWhBmx4jjQdbuwTiLqVZRfk/s1600/rap.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 260px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhToFfCarkJTEa_opMCoCiiNqNwRrt1ZBEGDZ5yxwgWwcp2JnTR-856FMrGidWgSRtAzRZvBkSg9fdiDHFFxwfdsuA7lBQSKLAj-uaV2u0w7h5bQb_1frt1uWhBmx4jjQdbuwTiLqVZRfk/s400/rap.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5629969955645987506" /></a><br />Para download em breve com seus 10 capítulos, finalmente. <div>Aguardem ou me esqueçam.</div><div><br /></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-18559321026415760222011-07-15T21:49:00.000-07:002011-07-15T22:09:07.838-07:00Diário de Bordo.<div style="text-align: justify;">Com os atrasos sistemáticos das páginas do meu romance, resolvi criar uma espécie de diário de criação, como já fizeram inúmeros autores. É uma maneira prática de organizar idéias e manter prazos, e acima de tudo, no meu caso, de <b>LEMBRAR </b>destes prazos. Manterei duas versões, esta virtual abrigada nesta lata de lixo e uma fisica, num moleskine gracioso que ganhei do meu namorado e onde serei mais específica e detalhada em relação as pesquisas e a elaboração dos perfis das personagens. Lugar de destaque próximo ao monitor, espero me lembrar o motivo pelo qual estarei o deixando tão a vista.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A priori, ele é carinhosamente chamado de "Sansão", tem exatos 12 capítulos distribuídos em 62 páginas e 10 personagens. Nasceu entre setembro e outubro do ano passado, num insight a respeito do grande número de amigos jornalistas que possuo e fazem parte ativamente da minha vida (parece um motivo idiota, espero que compreendam que quanto mais jornalistas ao seu redor, mais sua visão sobre o mundo vai se aguçando. Ou não, puro romantismo então). Sim, "Sansão" gira em torno de uma redação de jornal. já posso adiantar aos que nunca receberam (a contragosto) excertos dos capítulos. Há toda uma pesquisa envolvida, desde entrevistas até visitas a redações (no moleskine há uma parte para orçamento, onde inclui gastos para REVISORES, afinal, percebe-se que meu português é falho em diversas ocasiões) mas enfim, aos poucos colocarei a disposição de vocês (parcos leitores) esse meu material.</div><div style="text-align: justify;"><i><span class="Apple-style-span"><br /></span></i></div><div style="text-align: justify;"><i><span class="Apple-style-span">Até mais.</span></i></div><div><br /></div><div><object style="height: 390px; width: 640px" width="640" height="390"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/tFOMHWQ27tQ?version=3"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowScriptAccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/tFOMHWQ27tQ?version=3" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" allowscriptaccess="always" width="640" height="390"></embed></object></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-45090796645732078392011-07-09T18:49:00.000-07:002011-07-09T19:55:08.072-07:00Movimento Rápido dos olhos - 5º capítuloTrabalho de segunda a segunda e sorrio dizendo que se Bukowski (que era mediano, quase ruim o coitado) alcançou a glória eterna depois dos 50 (acho), eu ainda tinha tempo, não tinha?<br />Eu já tinha algumas rugas e muitas dívidas, um ótimo começo para um escritor. Acrescente a isso a incapacidade social de aproximação com o sexo oposto e a falta de prática com o manuseio de copos cheios de álcool. Conversas apócrifas com Dostoievski de bom humor em dias que <i>Deus ex machina</i> dava o ar de sua graça eram tão comuns quanto os insultos imaginados do caminho da padaria até minha casa devido à caixa (aquela vadia) que nunca me sorria . <div>Os papéis em branco espalhados pela casa eram um lembrete, bem claro, de que eu ainda seria um grande escritor. Mas quem se importa? Eu já era um escritor por QUERER ser um, e ninguém provaria o contrário, mesmo o desânimo e o meu desaparecimento (de mim mesmo) a cada página virada. O novo personagem nunca era eu.</div><div><br /></div><div><br />Pra isso a gente dá o nome de <i>determinação</i><br /></div><div><i><br /></i></div><div><a href="http://www.youtube.com/watch?v=Aq344ks1ieg"><object style="height: 390px; width: 640px"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Aq344ks1ieg?version=3"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowScriptAccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/Aq344ks1ieg?version=3" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" allowscriptaccess="always" width="640" height="390"></embed></object></a></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-85045786822990899122011-07-06T20:18:00.000-07:002011-07-06T20:29:17.534-07:00Movimento Rápido dos olhos - 4º capítulo<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span class="Apple-style-span" >Para Guilherme Navarro, Antônio La Carne e Julio Perestrelo</span></i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span class="Apple-style-span" >e aos demais leitores.</span></i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Escrevo todos os dias para ela, um poema, um conto ou até mesmo uma crônica do meu dia de funcionário público do Estado, mal remunerado e completamente apaixonado por algo, ela, impossível aquisição porque ela, nossa, de todos. Elogia-me sempre e diz que vou longe com aquelas palavras, tão longe quanto possa ser meus sonhos, não digo, mas que são mais baratos que os da padaria. Ela desconfia das batidas escancaras do meu peito, disfarçadas pelas remessas de processos (kafkanianos) sobre a mesa que titubeio em sua presença, com um sorrio e alguns gestos que indicam “é, muito trabalho para pouco resultado”. Escondo dela que sei mais de Shakeaspeare do que as peças que ela já encenou um dia na sua juventude e que Keats sempre fora melhor que Byron, que eu detestava, mas que ela gostava tanto que dera ao seu gato o mesmo nome e jamais saberíamos que amor é aquele que morreria em 12 anos e que ficaria apenas nas lembranças. O nosso?<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Eu<i style="mso-bidi-font-style:normal"> achava</i> que a <i style="mso-bidi-font-style:normal">amava</i>, essa era a verdade. Mas descobri que era apenas um pretexto para escrever todos os dias alguma coisa a alguém.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Pra isso, a gente dá o nome de <i style="mso-bidi-font-style: normal">disciplina.</i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sempre escrevo <i style="mso-bidi-font-style:normal">eu te odeio </i>a lápis, me arrependo e apago, e escrevo a caneta <i style="mso-bidi-font-style:normal">eu te amo</i>.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Um dia eu ainda pretendo não escrever mais nada.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-51763035535482035492011-07-04T21:32:00.000-07:002011-07-04T21:34:32.717-07:00Movimento Rápido dos olhos - 3º capítulo<div style="text-align: justify;"><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Gosto de dizer que sou um escritor, olhar ao meu redor e ver sobre a mesa alguns dos meus livros, cada página um não a algo: vida social, televisão, jogos e a internet (em seus primórdios quando não desconfiávamos do monstro que alimentávamos com nossos restos). Alguns livros e alguma solidão, satisfatória para uma vida tranquila e inquieta para um ego que jamais se satisfaz com pequenas notas em jornais, em resenhas feitas sem emoção para revistas, com leitores tímidos que fingem que eu não sou eu, ou que sou eu e não gostaria de um elogio naquela fila do caixa ou entre uma prateleira e outra na livraria. <o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Confesso que a solidão se tornou satisfatória porque me conformei tão rápido me era necessário enfrenta-la. Não era medo ou fraqueza, mas sou maior que o isolamento que me foi dado em vida, entendem? Falando em vida, há sempre o desejo de se tornar mais do que um best seller ao lado dos romances adolescentes e os de auto ajuda, número um em revistas populares e sites muito acessados. Algo como ter um livro obrigatório nas escolas ou nos vestibulares, resenhas feitas pelos leitores para algum tipo de mídia dos intelectuais. Livros esquecidos em sebos e encontrados por jovens apaixonados, que pagariam qualquer coisa para me terem.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Queria também ser perguntinha de vestibular, essa coisa que decide a vida.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="mso-spacerun:yes"> </span>Meu ego é insaciável. Prá isso, a gente dá o nome de <i>ambição<o:p></o:p></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Para estar entre os melhores, antes de mais nada, <i style="mso-bidi-font-style:normal">preciso estar morto.<o:p></o:p></i></p></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-6268779096262445452011-06-27T12:38:00.000-07:002011-06-27T12:43:43.663-07:00Movimento Rápido dos olhos - 2º capítulo<em><span style="font-family:georgia;font-size:85%;">Adormecendo ao som de</span></em><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:85%;"> <em>When you dance I can really love, Neil Young</em></span></span><br /><em><span style="font-size:85%;"></span></em><br /><em><span style="font-size:85%;"></span></em><br /><em>Primeiro estágio</em><br /><br /><br />- Você acredita em vida após a morte?<br />- Eu mal acredito na vida, pra te dizer a verdade.<br />- Mas acredita em vidas passadas?<br />- Aquela coisa de reencarnação, você quer dizer?<br />- Exatamente, acredita?<br />- Não muito, mas eu tenho uns problemas de memória, você já sabe, eu nunca deixo os outros esquecerem disso também, mesmo eu sempre me esquecendo. Então quando o lapso de memória, aquele arrombo enorme, to falando aqueles buracos negros tridimensionais que engolem todos os fragmentos, você leu Hawkins e sabe disso, acontece de uma hora pra outra, eu esqueço essa vida. Aí tenho que viver outra, do zero, mas com esse mesmo corpo. Eu reencarno com o mesmo corpo, a alma é que vai mudando. Entendeu?<br />- Você é louco.<br />- Eu também acho.<br />- Você gosta de cartas?<br />- Só as de tarot. Por causa do destino.<div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-41257746446863891162011-06-22T06:15:00.000-07:002011-06-22T06:24:50.291-07:00Rapid Eyes Moviment. (R.E.M) 1º capítulo<span style="font-size:85%;"><em><span style="font-family:verdana;">Uma novela em 10 capítulos</span></em>.</span><br /><span style="font-size:85%;"></span><br /><span style="font-size:85%;">Despertando ao som de <em>Misunderstood - Wilco</em></span><br /><span style="font-size:85%;"></span><br /><br /><br /><div align="justify">Não diria exatamente que PODERIA ser um sonho a ser realizado, até porque, não tinha exatamente um sonho ou uma meta, nem mesmo um rascunho de um desejo aos poucos esquecido. Mas era bom & era o que lhe bastava para acreditar que aquilo poderia ser chamado então de sonho ou qualquer coisa que fosse bom o suficiente para não ser real. Começou quando<br />(<em>não tinha exatamente um começo mas apenas a percepção de que algo já estava se transcrevendo enquanto suas pálpebras caiam sobre os seus olhos o afundando em movimentos lisérgicos por minutos, até que se afogasse & voltasse do mundo dos mortos, bocejando pela casa com os olhos semi abertos)</em><br />chegara exausto do trabalho e algumas cartas se encontravam espalhadas sobre seu sofá. Até onde se lembrava, os correios não entravam em casas trancadas e acorrentadas de pessoas neuróticas com mania de perseguição (<em>mas ele só tinha medo de infartos fulminantes, abduções, amnésias repentinas e de pessoas com mais de 70 anos ainda vivas</em>)<br />e deixavam correspondências sobre sofás empoeirados e rasgados por unhas afiadas de felinos com tendências satânicas (<em>a combinação dos fatores mataria qualquer carteiro alérgico</em>).<br /><br />E por mais que seus olhos cansados se recusassem a acreditar, o mais absurdo não era nem o número expressivo de cartas sobre seu sofá datadas de muitos dias atrás, tantos que poderiam ser anos a fio, mas o fato de não ser <em>qualquer</em> cobrança ou um equívoco, se tratando de qualquer homônimo (<em>e ele sempre se sentira único</em>).<br />Conhecia bem aquela disposição de letras, aquela coisa chamada texto com aquela caligrafia íntima. E era tão incrivelmente ele que poderia ser dele cada imagem descrita. Por um instante achou que estava ficando louco ao encontrar as pontes para sua memória destruídas(<em>sendo a loucura um estado consciente de um nada interminável </em>). </div><br /><div align="justify">Mas lembrou-se que em breve começaria o notíciario e que o jantar precisava ser feito.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">A vida odeia ser simples.</div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-32850256194781500702011-06-18T21:21:00.000-07:002011-06-18T21:57:22.381-07:00Paulistanagens #4Nas unhas um esmalte roído datado da semana passada, em acessos de ansiedade crônica após ter desistido dos cigarros. O café continuaria, doses homeopáticas pela manhã enquanto o marido recitaria as manchetes da Folha de São Paulo e ela fingiria algum interesse pela Dow Jones. O casamento a envelhecera apesar da aparência ainda jovem, com as promessas de noites deitada no sofá importado da França acompanhando as séries da tv paga com doritos espalhados pelo decote da camisola de seda chinesa. As amigas ligavam, contando sobre seus casos durante as inúmeras festas que ela nunca mais seria convidada, <i>persona non grata </i>com sua vida nos eixos, contas pagas e a tranquilidade de quem pode dormir sem o peso das escolhas, apenas o peso do anel de ouro e do diamante que guardaria consigo eternamente seus pensamentos. O marido não mais a impressionava, peso morto sobre seu corpo em algumas noites em que ao fechar os olhos era com outros que fingia o orgasmo. Mas o amava, como amava a programação matinal da tv ou como as revistas femininas espalhadas nos salões de beleza que freqüentava. Um amor sem sentido e sem senso de realidade de uma vida igualmente assim, com cartões de crédito sem limites que jamais comprariam na Oscar Freire a felicidade, que é de graça, e que por ser assim, nunca a interessaria.<div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-57456288961003855802011-06-12T16:30:00.001-07:002011-06-12T16:33:48.438-07:00A arte de não ser anfitriã.3 sets a 1<div>na tv do hotel</div><div>onde</div><div><div><div>você escapa de mim</div><div>em forma de filete de sangue</div><div>e uma dor suportável</div><div>embaixo dos edredons</div><div>alguma lembrança</div><div>que será distorcida</div><div>pelo tempo</div><div>assim como o canal que se recusa a pegar.</div><div>Sinto muito</div><div>em não ser uma boa anfitriã</div><div>quando você</div><div>quis apenas</div><div>chegar.</div></div></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-57740946557544172722011-06-10T09:30:00.000-07:002011-06-10T09:41:08.929-07:00Sem fé, nada do que deveria acontecer acontece<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr707d_zKyn1_kD8-Ib-BIfR_EsJNDhQyzxUQxS1OXzivpheRIzzhwg634kLvLnbzYrEbrMp8Q5si2aiiqw7OK384db6CCzSOH6o1DcC6yfLGmaY1JCLHxAm69K_gon7xfMjf5rBq4S-A/s1600/Julio_Cortazar_02.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5616629953381712162" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 268px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr707d_zKyn1_kD8-Ib-BIfR_EsJNDhQyzxUQxS1OXzivpheRIzzhwg634kLvLnbzYrEbrMp8Q5si2aiiqw7OK384db6CCzSOH6o1DcC6yfLGmaY1JCLHxAm69K_gon7xfMjf5rBq4S-A/s400/Julio_Cortazar_02.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div></div><br /><div align="justify"><em><span style="font-family:times new roman;">'Pela manhã, obstinados ainda na sonolência que a campainha horripilante do despertador não conseguia trocar pela afiada vigília, contavam-se fielmente os sonhos da noite. Cabeça contra cabeça, acariciando-se, confundindo as pernas e as mãos, esforçavam-se por traduzir em palavras do mundo exterior tudo o que haviam vivido durante as horas de treva. (...)Tinham dormido com as cabeças encostadas e aí, nessa premência física, na coincidência quase total das atitudes, das posições, da respiração, do mesmo quarto, do mesmo travesseiro, da mesma escuridão, do mesmo tique-taque, dos mesmos estímulos da rua e da cidade, das mesmas radiações magnéticas, da mesma marca de café, da mesma conjunção estelar, da mesma noite para os dois, aí estreitamente abraçados, tinham sonhado sonhos diferentes, tinham vivido aventuras diferentes, um sorriso enquanto a outra fugia aterrorizada, um voltava a prestar um exame de álgebra, enquanto a outra chegara a uma cidade de pedras brancas. (...)Durante muito tempo, esperou um milagre, que o sonho que Talita iria lhe contar pela manhã fosse também aquele que tinha sonhado. Esperou por isso, incitou-o, provocou-o, apelando para todas as analogias possíveis, procurando semelhanças que, bruscamente, o levassem a um reconhecimento. Apenas uma vez, sem que Talita desse a menor importância ao fato, sonharam sonhos análogos. (...)Traveler continuou confiando cada vez menos. Os sonhos voltavam, cada um por seu lado. As cabeças dormiam encostadas e, em cada uma delas, levantava-se o pano sobre um cenário diferente. Traveler pensou ironicamente que pareciam os cinemas contíguos da calle Lavalle e perdeu de uma vez por todas as suas esperanças. Não acreditava absolutamente que acontecesse o que desejava, e sabia que, sem fé, jamais ocorreria. Sabia que, sem fé, nada do que deveria acontecer acontece; e, com fé, também quase nunca.'</span></em> </div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:85%;">Excerto de </span><a href="http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=24482"><span style="font-size:85%;">O jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar</span></a></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8453673799753752648.post-67729968400444375712011-06-08T18:20:00.000-07:002011-06-08T18:35:34.372-07:00O poema que nunca foi escrito.Você escreveria um poema<div>se ele precisasse ser escrito</div><div>mas ele te diz</div><div>ao pé do ouvido</div><div>que não gosta de você.</div><div><br /></div><div>Então</div><div>oferece um afago</div><div>se abre a ele</div><div>diz que metade de tudo que possui</div><div>será dele</div><div>se ele for escrito.</div><div><br /></div><div>Um tempo depois</div><div>você desiste dele</div><div>porque sabe</div><div>que não tem nada </div><div>para oferecer.</div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div class="blogger-post-footer">Jogado fora</div>Katrinahttp://www.blogger.com/profile/14125601886695692682noreply@blogger.com3