quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Tarde vazia

Febre.
Dor em todo corpo.
Jogada numa cama,janelas trancadas,o rádio ligado num volume baixo.
O sol entra pela pequena fresta que há na janela.
Robert Smith desabafa "This dream never ends"
Ela olha para o teto.Espera o tempo passar rápido.Espera que ele,assim que começar a correr,não a machuque.Olha para o celular,mais uma vez números repetitivos na tela.Sozinha,ela chora.Não sabe porque está chorando,e isso a assusta.Seca as lágrimas,no rádio tocando "my little black angel".Comenta para si mesma o quanto as músicas aleatórias estão caóticas nesse dia.
Levanta-se.
Cai no chão,por estar fraca.
Acha,jogado no chão,um bilhete de ônibus,de Atibaia para São Paulo,datado de 13/10.
Guarda-o.
No rádio,"love will tears us apart"
Chora
Agora entende os motivos das lágrimas
da falta
da tristeza ao ouvir aquelas músicas
da solidão
do céu cinzento(e sempre azul).
De tudo e do nada.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Novembro

Andando pelas ruas vejo o quanto o tempo passou rápido.
As crianças que entraram na 5 série,no colégio na rua da minha casa,que antes,ao subirem a rua,em direção ao colégio, falavam sobre novela,desenhos e lições,coisas típicas de crianças de 12/13 anos.Hoje debatem com quantos já ficaram até aquele momento,as festas que foram,coisas de adolescentes de 15/16/17 anos.Envelheceram tanto tempo assim em apenas 1 ano?As ruas estão decoradas com efeites natalinos,assim como todas as lojas.Até já existe um papai noel,num dos comércios daqui,para chamar a atenção das crianças(e dos seus respectivos pais,que todas suas vontades fazem).As pessoas estão torrando seus 13 salários,sem se preocuparem se aquele salário lhes fará falta em janeiro(como SEMPRE acontece).Os alunos do ultimo ano escolar,conhecidos meus,sempre me perguntam como é ter terminado o 3 ano(e eu sempre digo que não muda muita coisa.Seus pais vão pegar nos seus pés para que vocês entrem na faculdade ou num bom emprego).Muitos deles(ao contrário de mim),já acharam até emprego!Aliás,meus amigos,colegas de sala,na grande maioria,já estão empregados(e recebendo seus 13 salários),alguns até na faculdade,vejam só!As famílias já estão pensando em como serão suas ceias natalinas,e aonde pretendem passar seus reveillons.
Ainda é novembro,não sei porque as coisas estão tão avançadas!
Até na minha pacata vida.
Cursinho exigindo mais de mim.
Dezembro,logo de cara,4 vestibulares.
4 chances de ser uma historiadora
4 chances de mudar de vida.
4 chances,apenas.
Creio que tenha que aproveitá-las bem.
E o enem que não chega,e me deixa aflita.
MUITO AFLITA
Novembro é tão carregado desse ar de "pressa" e de "pressões"
(talvez,por isso o odeie)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Sonetos

1 ano e meio me impediram de escreve-los,como escrevia com certa regularidade antes.
Agora,me inundo com eles,em minhas noites,como se amenizassem minha leve solidão noturna.
Enfim,talvez eu faça um blog só para eles.
A seguir,2 sonetos escritos na madrugada de sábado e 1 escrito ao cair da tarde na rodoviária de Atibaia/Estada para Mairiporã
(eles não tem título,não tenho costumo rotulá-los)

I

Descobri hoje que amor sozinho não existe
e que a angústia que me aflinge
não é algo que necessariamente me deixe triste
mas é algo que secamente me restringe.

Quero com alguém minhas angústias compartilhar
dar e receber amor prestante
Quero,nos seus olhos me encontrar
mesmo que seja por breves instantes.

O romantismo só existe
quando a angústia é jogada para fora
quando ela,ali,não mais persiste.

Mas ela renasce,e volta como agora
ela é descrita através da minha vaga poesia
que inutilmente minha caneta balbucia.


II

Sozinha,entre multidões
a alma vagueia a procurar abrigo.
Há tantos,como o dela,vazios corações
Há tantos,como ela,a procurar consolo amigo.

Amarga,uma vida sem sentido.
Os lábios procurando o que pronunciar
tentando,expressar a dor de ter perdido
mas pelas mãos,isso consegue mostrar


Confusa dialética consigo mesma
Seus escritos,seu café e cigarros sobre a mesa
de alguma forma amenizam sua tristeza.

Desesperada busca de alguém,vive
Alguém,a quem almeja completar
Alguém,a quem seus versos dedicar.


III

Pessoas andando por entre mim,sem destino
olhando para si mesmas,visão vazia
No que elas pensam?Rumam ao infinito
Pelas portas da rodoviária vejo o morrer do dia.

Algum tempo para ir embora levará
Me sinto melancólica ao voltar para casa
E pelo caminho,cada luz que se acenderá
vai lutar contra a noite,queimar lhe como brasa.

Pensamentos rompem minha mente
e a caneta a estuprar a brancura
do meu papel,num prazer inocente

Neste ônibus,seguindo nesta estrada é uma tortura
Mairiporã,tão perto de ti estou
levo para você a felicidade que me restou

Conversas aleatórias.

Padaria.
Sábado.

Vanessa,até o caixa,pede cigarros.
Caixa,olha para vanessa e rennan,desconfiada da idade de ambos.
Rennan:Olha,eu tenho apenas 16 anos,sofro de asma e se fumar um cigarro,certamente morrerei.Ela quer se matar,me falou isso.Tem 18 anos e não podemos a impedir.Ou ela morrerá de cancêr pelo cigarro,ou de cirrose ou úlcera,pelo café
Caixa ri,RI MUITO


No msn.
Domingo.
Madrugada.

Artrox.. diz:
sabe,ontem conversei com o bruno.Chegamos a conclusão de que você é a pessoa mais tarada que conhecemos.
Artrox.. diz:
pretendemos escrever um livro com suas peripécias sexuais
Artrox.. diz:
venderia como água,nessas seções eróticas de livarias
[Play] Lady Godva's operation diz:
ah,é?
[Play] Lady Godva's operation diz:
UAUHAHUAUHAUHUHAAA
Artrox.. diz:
veja bem,MAS VEJA BEM,seria como Henry Miller e Anais Nïn.
[Play] Lady Godva's operation diz:
UAUHAHUAHUAHUAHUAUHAUAUHAUHAUHAUHAUHAHUAUHUAUAUHAHUAUHAA
Quem seria Henry Miller e Anais?Porque VEJA BEM,eram amantes calientes.Ela até deixou o marido pelo Henry,mesmo ele nunca tendo assumido ela.
Artrox.. diz:
Perfeito,eu quero ser o Henry Miller.Bruno que fique com o papel da Anais.Saca?
[Play] Lady Godva's operation diz:
SACO
UAUHAHUAHUAHUAHUAHUAHUHAUHUAHUAHUAUHAHUAUHAUHAAA
Artrox.. diz:
Veja bem,MAS VEJA BEM,você seria nossa musa.Contos e mais contos,baseados em fatos reais sobre suas proezas sexuais!Todos que lessem ficariam excitadíssimos!E depois,quando revelássemos que aconteceram de verdade,os homens vão querer comprovar por eles próprios
[Play] Lady Godva's operation diz:
UAUHAHUAHUAUHAUHAUHAUHAHUAHUAHUAUHHUAAUHAUHAUHAUHAUHAHUAHUAUAUHAA
Uieee,vai ter uma fila na porta da minha casa,com homens e mais homens segurando senhas e esse livro em mãos,me pedindo para explicar na prática como conseguir tais façanhas.
Artrox.. diz:
Veja bem,mas VEJA BEM,os autores vão ter prioridade ok?
[Play] Lady Godva's operation diz:
fechado.Direito a tudo
Artrox.. diz:
EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
Vai valer a pena ser Henry Miller!
Artrox.. diz:
Realmente vanessa,este livro fará sucesso.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Tardes completas






Porque,estranhamente,também sinto falta das tardes que,agora,não compartilho com você.
Porque,de alguma maneira,tão bizarra,me conhece tão bem que me compreende.
E por isso,amo o tanto.


À meu amigo,de doce melancolia
de grande significado hoje em minha vida
à você,ofereço esta humilde poesia
concebida nesta noite,em que amenizaste minha ferida

Sou grata pelos momentos indescritíveis que passamos
de sensações únicas,descrição inefável
E hoje sei,puramente nos amamos
e que meu futuro sem você é improvável

Você ainda é o mesmo que me provocava euforia
o mesmo,que hoje que proporciona tranqüilidade
o mesmo,certeza da eterna amizade.

Amigo,somos iguais
que neste momento,posso afirmar enfim
que você é a melhor parte de mim

domingo, 4 de novembro de 2007

9 anos

Estava me lembrando desses 9 anos que passei ao seu lado.Do começo tímido,eu,apaixonada pelo novo aluno da minha sala,e você,o novo aluno da sala que não sabia em quem confiar ali.Eu,uma menina retraída,que usava óculos e vivia de cabelos presos.Você,atlético e risonho,o menino mais cobiçado da sala.As vezes eu penso que,como é que fomos nos tornar amigos?
Desde aquele abraço no parque,das noites em casa ouvindo punk,das tardes ouvindo post punk,das poucas manhãs que cabulávamos aula para ler os gibis mofados do meu irmão,das inúmeras descidas até a praça da cidade,das discussões,dos tapas,dos
"nunca mais faça isso" ou "desisto de você",novamente outras noites em bares,noites abraçados na minha cama(ou na sua),noites olhando para o céu(e você me perguntando se eu te amava),das noites em que fazíamos listas,e mostrávamos um para o outro.Das tardes em que íamos na padaria,ou ficámos simplesmente na porta do Arthur Weingrill,das tardes que você me consolava,em que eu molhava suas calças com as minhas lágrimas(muitas delas pelos meus amores em vão),ou quando ouvíamos New Order,e você cantava no meu ouvido "regret".Das manhãs que eu estava doente,e você me levava remédios,ou ficava na minha cama me contando de como foi a aula.Das ínúmeras brigas,dos semi tapas na cara,dos tapas no bumbum...
9 ANOS
Impossíveis de se resumir aqui.
Impossíveis de se resumir aos outros.
Mas,só nós sabemos,o que significaram esses 9 anos.
Eu o amo,de todas as maneiras possíveis.
Um vez,você me falou que quando eu voltasse a enxergar,talvez encontraria um amor para viver por ele.
Ontem,nos seus olhos,eu pude ver ele.
E o mundo se tornou colorido novamente

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Meu primeiro livro

Ah,tão claramente me lembrei da minha primeira leitura.
Era um livro colorido,com animais dos quais achava extremamente fofos.Capa dura.Cheirinho de novo.Páginas de boa qualidade.Letras grandes.Belas ilustrações internas.Lembro que fiquei assim,abismada com ele em mãos durante uns 2 dias.Queria e não o queria ler.Tinha medo de le-lo tão rápido,que aquele flerte logo se desmancharia,e ele,se tornaria mais um livro,jogado numa das caixas do meu armário.
Ainda lembro de minha mãe gritando: "Leia logo Vanessa,ou eu vou dar para a vizinha",e eu assustada,fingia que lia.Ignorava as letras.O que me interessava mesmo,eram os desenhos.Um relógio de olhos tortos,uma casa de portas abertas,um leão com cara de faminto!Céus,como desejava,ansiava ler aquilo logo.Mas meu medo,logo me atormentava.Talvez,lê-lo,foi uma das coisas mais corajosas que já fiz na minha vida,e talvez,a primeira.
Não lembro em quantos dias terminei de ler a "Arca de noé".Tinha 6 anos e tinha recentemente aprendido a juntar as sílabas.Acredito que por conta disso,devo ter reservado a ele quase 4 meses.Cada dia era um poema diferente,um poema mágico,rimas que me levavam a pensar.Ah,saudades que sinto.
Ainda existe em mim a menina que leu aquele livro.
Ainda sinto os mesmos medos,ao pegar qualquer livro.
E quando,logo nas primeiras páginas,ele se torna uma irrecusável leitura,ainda páro com medo de termina-lo antes do prazo de 7 dias cedidos pela biblioteca,por medo de que,logo ele perca sua graça.

Corra menina,corra

A menina corria pelas ruas lúgubres daquela cidade a noite,ainda molhadas pela chuva vespertina que lhe açoitara.A menina corria,pisando nas poças de água,e vendo seu reflexo se desmanchar nelas.
Corria.
As pessoas respondiam aturdidas seus olhares.
Corria.
E tudo parecia transcorrer lentamente ao passo que ela corria.
Corria.
Olhava em seu relógio,com medo de perder as horas.De perder aqueles segundos e minutos que transcorriam,como se,que correndo,pudesse retarda-los,ou até possivelmente tocá-los.
Corria.
Corria,olhando sempre para trás,numa irônica metáfora ineferente ao seu passado.
Corria.
O vento mostrava que aquela noite seria fria.Mas seria mais fria que os pensamentos daquela menina que corria,a lhe cortar pelas ruas?Algumas gotas caíam,anunciando a tempestade que logo se aproximaria.E seria tão pesada quando a amargura que continha o coração daquela menina que corria,a simplesmente a ignora-la?
Ela corria.
Correu.
Corra menina,corra