sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Duas mãos.

Incurável poesia

Lá fora,cai a noite
que trás a angústia para os solitários
e a melancolia inspiratória para a poesia,
altiva,inflama a carne
Noite esta
que faz do fogo fina poesia
faz da eternidade contida em cada verso
ser ausente em nós.
Mostra descaradamente nossos medos,
anseios.

Faz da madeira,fogueira
faz da carne,entrega
do pronome,um sem nome
da alma,uma renuncia
Um verbo estranho,amortecido,
escarnecido num passado do futuro
Faz do verso um muro que se rompe sem se ver
dentro de nós
Faz do silêncio gritantes palavras
jamais antes pronunciadas

E esse tempo incerto se torna um grito
[um violino
dividido em duas mãos]

E ainda que cinza nos seja dado
na claridade dos nossos dias,
há de ser moldado
com tristeza num papel
até se tornar poesia.

14/11/07

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Domingo inútil e sem sentido

Postagem rápida e sem motivos aparentes.
Odeio domingos.
Ainda mais porque já não se jogam rpg dominicais

Me sobrou apenas o café e Vinicius de Moraes


*Menina cafeína*


*Fim de postagem inútil*

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Cega

O café não faz mais o mesmo efeito.Ainda estou cansada e com sono após 100 ml.
E os amigos,estes são os mesmos de sempre,mesmo não sendo os mesmos.
A confiança é um fator cegante,tal como a paixão.Quem já viveu uma grande paixão,sabe o quanto os erros alheios passam despercebidos.A grande verdade é que somos apaixonados por nossos amigos.
Cega,talvez eu realmente o esteja(afinal,os cegos é que são felizes,no final das contas.Não vêem a imundice ao redor deles,a auto destruíção de algumas pessoas.Eles se sentem felizes com o que imaginam,com o que lhes restam.Será que Édipo,enfim,esteve certo?Este mundo não foi feito para ser visto e julgado com os olhos.E sim com os outros sentidos,outros orgãos.),e se não o estiver,bom,qual outra explicação existe?
Espero que no fim de tudo,eu tenha alguma Antígone para me guiar por Colono,até os portões de Hades.
Até lá,ainda serei cega.Ou,me contentarei com as sombras,mesmo sabendo que existe uma outra realidade,feita de verdade.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Este não é o meu lugar

Por estes corredores e estas salas
jaz diluído numa profunda névoa
um velho e agora distante sonho
Porém,alguma coisa dele não se perdeu ou foi esquecido
embora tão finamente esteja dispersa
nessa nuvem de frustração
Tudo é som,nesses corredores silenciosos
Tudo é novo,e todos estão vibrantes
e eu me enojo por ser a única morta entre tanta vida
Tantos sorrisos,gentilezas mecânicas
mas as pessoas me parecem tão vazias e irritantes.
E ao mesmo tempo é tão bela
a uniforme,aparente fraternidade que me envolve
que me inclina a um unânime sono.
O sinal bate,eu me levanto
olho ao redor e grito
mas um grito que somente a mim ensurdece
Este não é o meu lugar

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Hermenêutica

Cartesiana de nascença
duvido de tudo que não resiste a dúvida
Descanço em Epicuro
me entregando ao prazer
sem medo e sem dor
Ao fim me sinto culpada
em ter algo de estoíco
ao ter que renegar o prazer para descobrir a verdade
Mas é impossível ao homem
o centro de tudo,isso resistir.
Me vejo no Vitruviano
que tem algo de divino
imanência grega,a arte perfeita
E me ilumino,crio uma ordem para este mundo
que acredita na matéria e se ama tal como é
Nihil,é tão triste tal fato
dizer não a este mundo
em prol da imaginação de um mundo perfeito
que transcende do nada
do mesmo nada que transcende Deus
Tento não pensar nas coisas em si
mas como elas são vistas
e o que existe de fato
Acabo por fim em ver o mundo em duas partes
e assim como Platão,o mundo das ideias
me parece ser tão mais real
do que as sombras que nos iludem
Ah!Salvar-me-ei na metafísica
a primeira filosofia
que há de me responder
quem sou e para onde irei
e há de me fazer atingir
a absoluta verdade por trás das coisas
Não hei de ser retórica
Vou ser dialética.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Quarta-feira

Quanto de nós virará cinzas?
Quanto dos nossos sonhos hão de se tornar pó
a ser varrido pelo sopro alado dos ventos?
Quanto do meu amor vai ser esquecido?
Quanto do meu pranto será um alívio
para o meu coração que se angustia?

É somente uma data

Mas todos os dias
carregam seus ares de quartas de cinzas

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Fossa carnavalesca

"Se você me desse apenas uma moeda
Por cada vez que dissemos adeus
bem, eu seria rica além dos meus sonhos.
Desculpe-me pela minha vida deprimente.
eu sei que não sou perfeita.
Mas eu posso sorrir
E eu espero que veja esse meu coração
atrás de meus olhos cansados.
Não sou um anjo, mas isso significa que eu não irei voar?"
(Dido~I'm no angel)

E tem sempre aqueles dias em que existe uma música que retratará sua atual situação.Geralmente são aquelas músicas que você ouve algumas vezes e não presta tanta atenção.Mas num dia específico,ela não acaba passando despercebida novamente.No final,todas as músicas são feitas com tal intenção.De que,em algum dia,alguém a ouça e a nomeie como a música da sua vida,ou coisa semelhante.I'm no angel,no momento,é a minha música.Talvez sempre fosse,mas hoje,quando resolvi curtir minha fossinha carnavalesca,ela fez todo o sentido do mundo.Entre tantos "nunca mais","adeus" e "está tudo acabado",sempre haverá um recomeço,uma volta triunfal em poucas horas.E mesmo que eu mesma não acredite que eu sempre possa tentar,eu sei que você vai acreditar por nós dois.E viva a todas as nossas fossas,carnavalescas ou não.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Todas as cores de um céu cinza.

O quanto sobra de mim quando você me olha?
O quanto das estações será lembrado
Alem dos momentos imaginados?

Lembranças criadas da pureza dos sentidos
e sentimentos nunca revelados.
Hoje é fevereiro,amanhã será lugar nenhum
O preço do amor é caro, mas o meu em mim
não há valor algum.

O tempo eu sei, é de brumas e cores no céu
todas as cores dum céu cinza acrilico
Todo o passado esquecido,
Eu começo por onde a estrada vai. diz:
todo um recomeço
Jamais recomeçado.

Você jamais saberá o quanto em mim esta presente,
Hoje serei eu,
Amanhã será nenhum.

(Rennan Augusto Rezende)
(Vulgo:Melhor amigo da dona deste blog)

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Tudo lhe era possível

(...)
.- E de repente, ela descobriu que era possível.
- O que era possível?
- Tudo lhe era possível.
- A vida lhe era possível?-
Tudo lhe era possível. A vida, a morte, os sonhos, o amor…
- O amor também lhe era possível?
- Sim, e porque não?
- E as cicatrizes da vida que a tornaram cética?
- Apagaram-se com o soprar do vento.
- E os assuntos mal-resolvidos do passado?
- O soprar do vento também virou essa página. O que não tem solução, solucionado está.
- Mas… e o medo?
- Ela supera. Quando se quer muito alguma coisa, vale a pena correr o risco.
- E a timidez, ela se livrou?
- Não, a aceitou. Talvez a timidez seja o seu mistério, o seu charme…
- E o que ela fez com o ceticismo, jogou no lixo?
- Ela prefere acreditar em algo e estar errada a não acreditar em coisa alguma.
- E o que fez com que ela acreditasse que tudo lhe era possível?
- O seu coração foi preenchido por palavras de sabedoria
- E quais palavras foram essas?
- As palavras de sabedoria.
- Sabedoria de quem? De Deus? De Jesus Cristo? De Buda? De Bono Vox?
- As palavras do vento que soprou.
- E o que foi que o vento falou?
- Que tudo lhe era possível.