sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Duas mãos.

Incurável poesia

Lá fora,cai a noite
que trás a angústia para os solitários
e a melancolia inspiratória para a poesia,
altiva,inflama a carne
Noite esta
que faz do fogo fina poesia
faz da eternidade contida em cada verso
ser ausente em nós.
Mostra descaradamente nossos medos,
anseios.

Faz da madeira,fogueira
faz da carne,entrega
do pronome,um sem nome
da alma,uma renuncia
Um verbo estranho,amortecido,
escarnecido num passado do futuro
Faz do verso um muro que se rompe sem se ver
dentro de nós
Faz do silêncio gritantes palavras
jamais antes pronunciadas

E esse tempo incerto se torna um grito
[um violino
dividido em duas mãos]

E ainda que cinza nos seja dado
na claridade dos nossos dias,
há de ser moldado
com tristeza num papel
até se tornar poesia.

14/11/07

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