sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Uma balada de amor & outros sentimentos inúteis

Para cantar é preciso primeiro abrir a boca. É preciso ter um par de pulmões e um pouco de conhecimento de música. Não é necessário ter harmônica ou violão. O essencial é querer cantar. Isto é, portanto uma canção. Eu estou cantando
(Henry Miller).
Não apenas amor é o que se perde
quando se perde o amor
Quem perde o amor-próprio
perde também o próprio amor
Mas ainda em minha pele conservo este
que envolve o corpo de Joana D'arc
e escorre pelos meus lábios sujos de cigarros & ressuscita emoções das quais foram rasgadas pelas garras do delírio
e que
é tanto que não compreendo
Talvez precisarei ler o zodíaco
quiromancia búzios astrologia bola de cristal feitiçaria cabala macumba ciganagem vidência dados ocultismo espiritismo bíblia
estudar minhas próprias víceras e arrancar todo o simbolismo dos intestinos
(Adieu Baudelaire)
A verdade
[a única
verdade]
é que os sentimentos
tem que ter carne
para que possam
sangrar
e manchar teu peito de vida
Doer
para que saiba que não está
assim tão morto.
Digo
nada mais foi destruído
(nem mesmo tua imagem infernal ofertando teu sagrado coração de merda)
exceto minhas ilusões.
É preciso ter sexo nas idéias
para que nasçam revoluções
Penetra-me com o vigor de tudo o que sente
com tuas palavras
(ou enfia-me um Vinícius de Moraes bem fundo entre minhas pernas e
um Neruda ao pé do ouvido)
para que eu possa explodir de amor
(essa loucura em que as pessoas se dizem tão lúcidas)
E
o prazer que deixar o meu desejo
estará em suas mãos
A poesia
que calar em meu silêncio
estará em teu espírito
e é apenas isso que eu preciso dizer
antes de finalmente dizer que te amo
(que ainda há de se infiltrar vagarosamente em tuas veias e te fará arder até coagular em teu peito)
E a morte dos meus lábios em seus lábios é o último suspiro da história.

31 comentários:

Rafael disse...

A verdade é que, ainda é um mistério para mim a questão: Como é que cabe tanto amor em tão poucas linhas? Se é que cabe, de verdade. Ainda acho que o que escreve é uma gota desse amor todo que você urra aos quatro ventos para ser ouvido.
Eu já disse uma vez e digo mais uma vez, eu tenho orgulho de ler tudo isso aqui e ter você como amiga. E mais orgulho ainda de ter ouvido de você um eu te amo.

O que você escreve já faz sangrar e doer sentimentos. E é imenso e sujeito a injustos comentários

Rafael disse...

Eu não posso deixar de dizer, PORRA QUE POEMA DO CARALHO.

Rasgou um grito aqui.

Fernando disse...

Sabe o que é acordar 10 horas da manhã e ver tua amiga BLASFEMAR no msn uma coisa dessas
Katrina diz:
ah, tentei escrever um parada de amor, vê lá
?
TENTEI?

ISSO é amor, é sexo, é revolução. É um Astor Piazzolla derramado em linhas, é um sorriso carregado de " eu vou ler isso de novo e de novo e de novo"
É verdade, pura verdade todo esse amor.

Julia disse...

Katrina, antes de mais nada, obrigada por nos presentear com isso. Quando você avisa que tem coisa nova no blog, eu preparo toda a minha respiração para uma sequência de suspiros. É mais do que justo que as pessoas teçam inúmeros elogios ao que tu escreve, porque, caramba, quem é que escreve isso "É preciso ter sexo nas idéias/para que nasçam revoluções"
É do tipo de coisa que virará uma epígrafe da qual, se o Miller estivesse vivo, usaria.

O que tu escreve é hemorragia do coração.

R. disse...

se meu coração sangra,
depois de amanhã o horário de verão volta.

Carol Mioni disse...

Eu sangro constantemente. Não a perda do amor. A intensidade dele. Pelo jeito vc também. Beijo

Fábio disse...

o lixo aqui chega a ser cheiroso :]

Dois cigarros e um café. disse...

"Quem perde o amor-próprio
perde também o próprio amor"

Foda!

Guardei a frase aqui dentro da cachola! Me será muito útil!!!!


Beijundas ^^

Mafê Probst disse...

esse último suspiro me doeu tanto, moça...

Ricardo Rodrigues disse...

espero um momento on line pra te explicar da revista... se isso demorar a acontecer, me manda um e-mail

Marcelo Mayer disse...

é foda não ter amor, o próprio

e quem disse que vc não escreve bem poema, hein? hein?

Daniel disse...

Escrita forte.

Gostei demais do que escreveu e a última frase fechou com chave de ouro sobre os lábios mortos.

Gostei do seu blog.

Vou acompanhar.

Visite-me quando quiser.

Beijo

Ana Cristina Joaquim disse...

Gostei demais!!!

Juliano disse...

As pessoas realmente tem uma visão muito errada do amor, e você fez questão de esclarece-las.

Beijooooos

Jou Jou Balangandã disse...

Retribuindo a visita. Adorei conhecer o seu cantinho!
Otimo final de semana!
Beijos

Lisa disse...

Muito intenso, estou esmagada!
(isto foi um elogio)

Anônimo disse...

CARALHO, QUE FODA.

Porra, quero ser tua amiga, aliás, nunca deixa de escrever nem de sentir, porra, você é foda dooooido.

;*

Caio Rudá de Oliveira disse...

Menina, você escreve com veneno. Gosto disso.

CL disse...

''Penetra-me com o vigor de tudo o que sente com tuas palavras (...) para que eu possa explodir de amor.''
Às vezes gostaria que as pessoas infiltrassem mais em mim o que elas sentem. Talvez assim eu soubesse mais sobre os sentimentos.

.maria. disse...

visceral:
eu gosto. amor.

admiração recíproca.
viciada em cheirar seu lixo.

beijos.

Lua disse...

Nossa demais, profundo, adorei!!

Bom fim de semana, beijos!

Fernanda Magalhães disse...

Que loucura guria!!

És total atrevida aqui...Simplesmente encantada com seu poema, continue escrevendo.

Bjos!!

meus instantes e momentos disse...

gostei daqui. gostei de ti, desse teu jeito forte e todo teu de escrever.
Muito bom.
Maurizio

Anônimo disse...

quero escrever assim quando crescer.

M. A. disse...

Fantástico.

Tatiane Trajano disse...

PUTA QUE PARIU! (desculpa, mas foi exatamente isso que eu falei quando termeide de ler.)

Você tem um jeito muito marcante de escrever, Katrina.
A-D-O-R-E-I do começo ao fim.

Agora, sinto uma pontinha de dor aqui S2. O amor me sangra - inteira.

Beijossssssssss

Daiana Costa disse...

Eu poderia sangrar, pois que fim teria, se não mais me amasse?
Poderia chorar já que, por mim, a calma não despertaste.
Poderia renascer límpida se o brilho de uma lágrima respingasse.

Poderia não. Faria. (:

Tens o jeito, senhorita.
:*

Be Lins disse...

Moça,
você tem o dom!
Creio que foi uma das coisas mais intensas, belas e arrepiantes que andei lendo ultimamente.

Sangro aqui também, fazendo coro.

Parabéns!

Anônimo disse...

Que coisa mais foda!
beijos

Francisco disse...

"puta que pariu, que foda."

tourette assim mesmo.

Henrique disse...

O amor próprio por muitas vezes é corrupto.
Manterum padrão constante de amor próprio é não ser político, é apenas cre em si.


Adorei esses.