sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Memórias póstumas após o nascimento de janeiro.

Teus olhos explodiram naquele céu e [no céu da minha boca explodiram os meus desejos] entre aqueles prédios fálicos que gozavam sobre todos nós e sob o nascimento de janeiro [e a morte de dezembro que eu nem tive tempo de chorar]
eu soube que eu te carregaria dentro de mim por mais um ano e teria o peso de [milhões de borboletas no meu estômago] uma folha de guardanapo da qual eu rascunho isso enquanto os meus amigos me servem mais uma dose de conhaque e eu me sirvo de mais uma dose de [amor, o mais puro que tiver, eu lhe peço] vodka, eu sou fraca demais para qualquer outra coisa que não seja isso, e eu já sou fraca para qualquer coisa até para isso [então alguém ri e me diz que eu terei de beber o que eles compraram, então tudo bem, eu tenho que me conformar com o que eu tenho ao meu alcance]
Todos correm sorrindo ganhando aquela avenida, a mesma de sempre dos meus sonhos [e que percorre a minha pele] tão suja quanto [os meus pensamentos, o meu corpo, os meus olhos] um grande aterro sanitário chamado paulista [como todos os que nascem ali, como janeiro], bêbados e possivelmente alterados [com qualquer coisa, mas eu apenas usei amor e nada mais do que esse grande e vasto amor que eu sinto dentro de tudo que existe] gritando a plenos pulmões [um pouco acinzentados de todos os cigarros que eu traguei] o quanto eu quero de 2009 que ele seja clichê o suficiente para que todos sejam felizes[e ninguém será,todos nós sabemos porque sabemos que não seremos felizes, sempre faremos o possível para que isso não aconteça com os nossos erros imprevistos] e que todos amem[ amém, e eu espero amar demais e ser tão amada quanto] e que todos, ah, eu queria gritar em silêncio
e eu quero me perder deles, perder-se de mim [mas não de você] mas eu tenho medo
esse medo idiota que temos de não encontrar um lar ou voltar sozinha a ele [se o voltar, não olhe para trás, não olhe para as garrafas quebradas, para os amigos quebrados, para os seus sonhos quebrados]
e correndo eu esbarro em quem eu não conheço [mas me reconheço nele] e que assim como eu e tantos outros[os meus amigos, que agora são as mais de 2 milhões de pessoas que estiveram próximas a mim e que compartilharam a explosão dos seus olhos no céu virginal e puro de janeiro com todas as infinitas estrelas de promessas] é mais um perdido na imensidão paulistana dessa avenida de braços [e pernas] abertas para todos aqueles que querem se refugiar [ou se perder] por uma noite apenas [ou para o todo o sempre da sua pequena e breve vida]
[e miserável]
E eu te verei em breve, quando
[eu fechar os meus olhos imersos de ressaca&poeira&todo o amor que houver nessa vida e algum remédio que me dê alegria antimonotonia e um trocado para dar garantia]
em sonhos
[logo pesadelos, quando eu acordo e saberei que é janeiro e que, sim, é mais um mês que não estará ao meu lado é mais um mês que me separa dos teus braços é]
mais um mês que estarei aqui [te amando]

3 comentários:

Anna Clara disse...

ainda bem que passei dormindo.

Boo disse...

virada de ano é um porre.
aliás, vários porres!

Boo disse...

ah, te linkei
(: