quarta-feira, 6 de abril de 2011

Homem de Papel.


Não vou escrever uma resenha para Paper Man (2010) nem pretendo falar da sua simplicidade excêntrica e encantadora ou de como a solidão ás vezes pode ser engraçada e de como ela nem sempre é uma escolha, ou meramente um destino já traçado. Ela existe, respira, tem sentimentos, sabor e cheiro. Nasce, sem planejamento, se acolhe no peito e o suga, necessitando sobreviver. Ela sou eu, ela é você. É algo da qual não se pode fugir ou fingir que não está lá, que não pôs as mãos sobre seus ombros ou tentou conversar com você sobre qualquer coisa absolutamente normal. Ou que no final, é a única coisa que nunca vai te abandonar. Independentemente se você é um escritor que fracassou por acreditar em suas histórias que não convenceram ou tocaram ninguém, ou se você é uma garota que poderia ser a garota da vida de qualquer homem, mas mesmo jovem, insiste em se culpar por um passado que lhe deram de presente, sem aquele papel colorido o embrulhando, retinindo surpresas agradáveis. Ela estará lá sempre ao seu lado (a solidão, não se esqueçam), da forma como você melhor desejar. Talvez como o Capitão Excellent, um herói sempre disposto a te proteger do mundo, ou como seu melhor amigo, daqueles que são para sempre e que não querem te perder.


Um dia escrevo uma resenha para Paper Man, mas assistam, se essa fosse a intenção de uma resenha técnica, valorizando a atuação e direção do filme. Infelizmente meu foco será sempre a emoção causada de impacto, carro em alta velocidade sem freio prá cima do pedestre desavisado e distraído olhando o céu.

2 comentários:

Márcio Ahimsa disse...

o improviso, o acaso, o inusitado encontro de uma espera que não planejou, o grito ecoando silêncio pelo vazio da rua entupida de multidão, o caos, a ordem, a infinita desordem de um calabouço, o soluço, a chuva derramada pelo lado de cá da janela, lá fora a sentinela da noite dormindo pela calçada com os olhos de vidro, o espelho quebrado, a face em arremedo imitando o que sobrou de melhor do dia, a fita desenfeitada anulando a liberdade dos cabelos rarefeitos, imperfeitos motivos de rir, ou melindrar a hora são, do parvo do instante, o dolo necessário que me faz gente, de dia ou de noite pelo absurdo invento de viver.

Beijo, também leio seus textos.

Ju Fuzetto disse...

ADorei. Sem palavras!! Perfeito