sexta-feira, 7 de agosto de 2009

33 rpm.

Para Fernando, que me abrigou numa tarde perdida



Então, poderia começar assim:

Você perdido entre a vastidão das suas lembranças e a confusão dos seus dias passados, de um ontem amargo com gosto de vodka vomitada num vaso sanitário, às escondidas da sua famila que perpetuamente acredita que você é uma boa pessoa e vai ter um brilhante futuro além das inúmeras linhas que você escreve e sonha, quiçá, ver em páginas reais e palpáveis, mas obvimente é algo tão distante quanto o lugar onde você se encontra agora do lugar onde realmente é o seu lar
e que você nunca pisou, nunca visitou mas sabe, com aquela indefinível e maldita certeza que somente as pessoas que já perderam muito na vida sabem, que é o seu lar
bom, mas você não saberia explicar onde ele está, nem como seria, mas certemente é o lugar onde você repousaria o seu corpo de todo o peso que o mundo insiste por sobre seus ombros, curvados.
Em um dado momento, entre inúmeras possiblidades de fuga, você decide fugir de todos os lugares e principalmente fugir de si próprio, a imagem de um buraco negro que engole tudo, principalmente a luz de um sorriso ás 5 horas da tarde em plena Rua Augusta, aquele olhar grudado no seu ás 6 horas da manhã, o jogo de luzes naquela avenida que nem sabe o nome, mas ri divagando sobre a mistura do branco e vermelho dos carros em uma artéria aberta e entupida, prestes a entrar em colapso, ataque cardíaco quando vê a pessoa desejada, derrame cerebral deixando o débil perante aquele corpo que se dirige até você, e você-buraco negro vai triturando tudo e esquecendo tudo isso, e então
você se vê sozinho e perdido, espaço em branco a ser escrito novamente. Rasgado e amassado.
Preso à 33 rotações envelhecidas como os seus sonhos.

10 comentários:

Nc disse...

é desesperançoso.
E è bonito assim

Fábio disse...

Tenho vários 33 rotações por aqui. Deveria ouvir comigo um dia desses

Phillipe Lima disse...

Acho que você vem traduzindo muita gente. Maravilhoso!

Eurídice disse...

Velhas músicas.

Julia disse...

Me lembrou do que a gente sente quando tudo parece estar fora do lugar.

Julia disse...

Aliás, só para constar, odeio derrames. Paixão é um treco idiota demais

Andréa M. disse...

e me pego a questionar: porque 33?

R. disse...

e o 1/3 você colocou aonde?
só 33 fica devagar.

disse...

Hahaha, bem genérico. Compartilho.

Diego disse...

vivo perdido nas confusões de meus dias passados... presentes...