sábado, 5 de abril de 2008

Para se perder no abismo que é pensar e sentir

Não sei traduzir o porque ou como de ainda enxergar você no meio de tanta luz e prédios vestidos de preto, escondidos na noite daquela cidade imensa. Como eu queria que você tivesse me deixado te levar para o meu lugar de saudade e que tivesse vivido um pouco mais desta noite comigo. Parte minha, vida, que queria ter te apresentando pessoalmente e depois de algumas longas conversas e filosofias nossas de todo dia. Te levaria aos meus sonhos mais vazios que ficaram por lá e tudo que construi de mais sólido. Teria te ensinado a viver e entender aquela dança de luzes brancas e vermelhas, eu lhe apresentaria os lugares mais inusitados e inesquecíveis. Apresentaria o meu passado, o que eu fui e o que eu conheço que não está tão perto. Assim como você, mais longe do que eu gostaria e mais perto do que eu possa prever. Você que eu não conheço tanto ou quase nada,ou que conheço tanto,que conheço mais do que qualquer outra pessoa.Foi tudo tão rápido que você nem levou algo deste pretérito com você, nem ao menos alcançou o que ele carrega de belo e também frágil. Se na sua memória ficou um vídeo antigo, fico eternamente satisfeita. Aquele não foi meu primeiro tombo e nem será o último, mas creio que meu orgulho te poupou de ver como dói quando a gente tem que se segurar pra não se desfazer em pedaços na queda. Daquele meu passado, retire meu presente. Eu caio, trupico, tropeço e vou ao chão, como uma criança, quase numa corda bamba, quando anda.
Não quero mais pensar ou sentir,e me perder nesse labirinto,nesse abismo.As luzes,os prédios e todas as palavras que você me disse,na grande,nas pequenas cidades,na janela azul virtual do meu quarto e da sua sala,as guardei.Porque todas elas apenas me remetem a um sonho,partículas dele.Um sonho em forma de um sorriso delirante,ébrio,onde estrelas explodiam e que matava a escuridão&a afogava,de uma tez branca e quase delicada e angelical,com suas marcas juvenis,denunciando que não se era tão velho como se pensava,de lábios ardentes&comestíveis&doces,de olhos incandescentes,imanentes infantis,com uma misteriosa esperança(não para aqueles que se fixam em seus olhos.Uma esperança só dele,que ele mesmo se dá e não percebe)e uma alegria contagiante,mística&exaltante.
Mas como todos os sonhos bons,há sempre a decepção quando acordamos,com os primeiros raios da manhã(ou da luz da lâmpada do quarto,o que seja) que vão incomodando nossos olhos pouco a pouco,até que finalmente,acordamos(mal humorados algumas vezes,não é?).Acho que tentei segurar esse sonho,ignorando esses raios incômodos,mas não consegui.Não era o final perfeito para o meu sonho e nem para esse texto.