sexta-feira, 6 de junho de 2008

Interlúdio em fá menor

Para Rennan, que me faz sonhar às vezes

Estamos eu e você naquela avenida que pode ser a Paulista ou a Tabelião Passarella mas não importa agora qual delas seja, o que importa é que estamos eu e você entre prédios e luzes e uma avenida vazia e aberta para os nossos sonhos numa dessas noites que a gente não consegue dormir.Estamos caminhando e conversando sobre qualquer coisa trivial quando você assim tão de repente me convida para dançar naquele absoluto silêncio preenchido apenas pelo som dos nossos passos e das nossas respirações e eu lhe digo que aceito mesmo sem saber dançar no ritmo do silêncio e você diz que eu sou boba e me conduz.Uma música começa a entoar e começamos a dançar e a cantar a letra mesmo sem nunca termos a ouvido antes.Rimos ainda cantando e você me diz que ela vem do coração e é assim mesmo essas coisas inexplicáveis do coração.Então percorremos dançando por toda aquela avenida até o seu fim quando descobrimos que ela não tem um fim.Procuro no relógio as horas e descubro que já não é mais noite e muito menos dia,apesar da escuridão cravejada de estrelas que brilham menos que o seu olhar e uma lua que flutua nesse céu tão pacato.Parados ali contemplando toda a extensão daquela avenida você me pergunta se eu iria com você até o final dela e eu lhe digo que eu iria com você mesmo se ela jamais houvessem um final.Continuamos a nossa dança enquanto fumamos o nosso cigarro favorito e a avenida não tem fim, eu te amo eu digo e a avenida não tem fim, eu te amo você me diz e a avenida não tem fim.Um dia estaremos com eles aqui você diz e a avenida não tem fim.Vamos esperar por eles então eu digo e a avenida não tem fim.Acordo então sozinha na escuridão do meu quarto e lamento que tenha sido apenas um sonho.Mas meus dedos estão cheirando ao nosso cigarro e eu me sinto cansada e feliz,então acho que tudo aquilo aconteceu.Aconteceu porque você é real.