segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Poema a duas mãos

Interlúdio de Domingo

Desbravo a rua
Há tanta gente,tantos nomes...
Lojas expondo seus produtos,vidas expondo seu cansaço.
E eu taciturno,ajeito meu óculos por cima desta
pele pálida e dormente.
O relógio de pulso não funciona,pende firme e
inútil como eu o faço com minha vida durante os anos
A rua é tão cinza que me assombro
O sol também é cinza como é cinza meu corpo e
alma

Jamais consiguirei respirar-te manhã de domingo
assim como jamais poderei definir
o lábio da poetisa quando fuma
ou quando recita algo bom de se ouvir.

Deixei mais do que a rua para trás ontem,deixei um
passado e um antigo amor.Deixei alguns poemas e
anotações para trás
(não se leva muito quando se quer fugir)
Mas de ti,manhã de domingo,não se foge,
não se grita,não se corre
Quando vens,traz um vento
imóvel,que não anuncia nada
(anuncia talvez que a tristeza contida,irá se expandir)
E o cinza do céu,das ruas,do ar
se mistura com o mesmo cinza que encobre minha alma.
Domingo,a personificação do nada
nada
nada.
Nesse fim de domingo,onde não há horas
sinto que é o fim
apenas o fim
dos meus breves sonhos
e das poucas centelhas que já cultivei.

Adeus domingo,adeus antigos e novos amores
Adeus pálida poetisa,adeus a mim mesmo
Mas afinal,domingo vazio
o adeus é endereçado a quem?

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