Eu já tinha algumas rugas e muitas dívidas, um ótimo começo para um escritor. Acrescente a isso a incapacidade social de aproximação com o sexo oposto e a falta de prática com o manuseio de copos cheios de álcool. Conversas apócrifas com Dostoievski de bom humor em dias que Deus ex machina dava o ar de sua graça eram tão comuns quanto os insultos imaginados do caminho da padaria até minha casa devido à caixa (aquela vadia) que nunca me sorria .
Os papéis em branco espalhados pela casa eram um lembrete, bem claro, de que eu ainda seria um grande escritor. Mas quem se importa? Eu já era um escritor por QUERER ser um, e ninguém provaria o contrário, mesmo o desânimo e o meu desaparecimento (de mim mesmo) a cada página virada. O novo personagem nunca era eu.
Pra isso a gente dá o nome de determinação
3 comentários:
Determinação. Principalmente quando reconheceu que era um escritor porque assim o queria. Gostei muito.
Determinação. Principalmente quando reconheceu que era um escritor porque assim o queria. Gostei muito.
determinação subtraída daquele velho e indecente vitimismo típico dos artistas que se dizem não-compreendidos.
Postar um comentário