Para Guilherme Navarro, Antônio La Carne e Julio Perestrelo
e aos demais leitores.
Escrevo todos os dias para ela, um poema, um conto ou até mesmo uma crônica do meu dia de funcionário público do Estado, mal remunerado e completamente apaixonado por algo, ela, impossível aquisição porque ela, nossa, de todos. Elogia-me sempre e diz que vou longe com aquelas palavras, tão longe quanto possa ser meus sonhos, não digo, mas que são mais baratos que os da padaria. Ela desconfia das batidas escancaras do meu peito, disfarçadas pelas remessas de processos (kafkanianos) sobre a mesa que titubeio em sua presença, com um sorrio e alguns gestos que indicam “é, muito trabalho para pouco resultado”. Escondo dela que sei mais de Shakeaspeare do que as peças que ela já encenou um dia na sua juventude e que Keats sempre fora melhor que Byron, que eu detestava, mas que ela gostava tanto que dera ao seu gato o mesmo nome e jamais saberíamos que amor é aquele que morreria em 12 anos e que ficaria apenas nas lembranças. O nosso?
Eu achava que a amava, essa era a verdade. Mas descobri que era apenas um pretexto para escrever todos os dias alguma coisa a alguém.
Pra isso, a gente dá o nome de disciplina.
Sempre escrevo eu te odeio a lápis, me arrependo e apago, e escrevo a caneta eu te amo.
Um dia eu ainda pretendo não escrever mais nada.
3 comentários:
uma vez achei que amava a minha professora de português. escrevi-lhe uma trova sacaninha bem pervertida em um pedaço de papel, tirei uma foto das minhas genitais e lhe enviei pelo correio num envelope de papel pardo com os dizeres mamonassassinianos: "você me deixa doidão". Infelizmente n funcionou, e passei a escrever trovas sacaninhas para Leila Diniz.
a vida é cheia de rasuras
amando demais, cada capítulo novo é a superação que vai tomando forma, quero que dure muito tempo.
prazer masoquista na leitura e na espera ao próximo capítulo.
besos.
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