Arranco um suspiro de uma página, respiro.
O som do meu peito tem a ausência de um tango, como se ele fosse o último a tocar nossos corpos que enfim se cruzam num arfar de pernas. Dos teus vícios, ficaram apenas os meus.
Sobre minha pele, alguns bilhetes do tempo. Para que eu não me esqueça do que já se passou. Sob minha pele, alguns bilhetes teus. Para que eu jamais me esqueça por onde você passou.
Encontro alguns pedaços de nós, dentro de uma gaveta, protegidos pelas mesmas notícias de hoje
dos jornais de outros ontens.
É, eu sei, não tenho porque sorrir
mas sorrio aos pedaços de outros que já se foram. Inteiros.
Enquanto isso, ao pé do ouvido, desisto.
Desculpe Gardel, Contra el destino nadie la talla ,se terminaron para mi todas las farras,
Mi cuerpo enfermo no resiste más...
quem sabe, num próximo tango, você me engana.
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11 comentários:
Caramba, a sua conexão com o jazz é surpreendente. Toda vez que leio um texto aqui acho que estou assistindo a uma dança de negros ou até mesmo um tango, como mencionado no texto. Bom demais.
Adoro :**
e é de tango em tango que a vida toca o que se é.
lindamente lindo.
e é de tango em tango que a vida toca o que se é. [2]
e eu adorei o seu texto, sério mesmo!
já lhe disse que jazz é um termo pra sexo? e o tango seria uma anlogia ao cigarro após?
Se fosse tudo tão pouco. Mas agarra. As lembranças as vezes são instáveis.
Não ter pq sorrir, sorrir pedaços. Yeahh. Muito bom!
boa transição entre as palavras...
você escreve bem e sutilmente, ótimo texto!
Tocar no teus vícios, o disco que ainda não bebeu.
É inebriante.. Gosto de paragráfos longos, eles não permite a quem lê que pare pra respirar..
"mas sorrio aos pedaços de outros que já se foram. Inteiros."
.. lindo!
... Pôxa, acho que seu lixo é bastante seletivo né? Pra conter só textos assim, deve mesmo ser bastante seletivo. :)
Gostei daqui.
*Suspiro*
*mais um suspiro*
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