Me desfaço em seu corpo e dentro de você vou me encontrando e procurando com muita calma esses pedaços que ainda faltam, e que eu procuro com tanta calma como se isso fosse adiar o amanhecer. Contorno o seu rosto e contorno o meu, e se há algum sorriso no meu eu desenho nos teus lábios e se há um sorriso nos teus lábios eu desenho uma suave gargalhada vinda dos meus, tão gostosa e tão sincera por ver um sinal de felicidade em você provocada por mim. Guardo com tamanho cuidado, como faço com os nossos lp's antigos que contém todas as nossas canções, todos os "eu te amo" pronunciados por você e que são mais e tão mais preciosos que as canções sussurradas ao pé do ouvido que se espalham por nossa casa. Me refugio em seu peito tentando estar ali dentro do seu coração e fazê-lo bater junto com o meu, num só compasso, até que eles se fundam em um só.
Mas o dia amanhece, mais uma vez eu sei que foi inútil tentar adiar, eu nunca consigo isso afinal das contas. Vejo os lençóis desarrumados e os travesseiros fora do lugar, mas não encontro você ao meu lado. Ando pela casa, invado ávida o banheiro naquela esperança tola e desesperada de te encontrar ali tirando de você o que restou de mim, mas você não está lá, assim como nunca esteve na minha cama.
Te vejo pela janela e você nem sabe que eu existo.
corpo duna
Há 2 semanas
3 comentários:
nunca esteve na minha cama, droga.
ah, esse outro metadeu, será?
será que tem? existe? mais ou menos?
quem sabe? mas não deixamos de esperar, ao menos um pouco, nem que seja em vão.
não se preocupe em fazer cama. eu a proíbo, inclusive. ela é minha também.
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