O nome era José
estranho dar um nome assim tão comum a algo incomum
tipo uma iguana com mínimos olhos imensos de narcóticos dentro de um ônibus
Mas você se fixou a isso e eu à janela empoeirada onde tudo é passageiro, onde nós somos passageiros dessa paisagem que se modifica a cada piscar
Estou numa segunda e você num diário
cruzamos a Augusta, quase na rua Jaú até parar na Angola
um royal straight flush para o final do nosso dia
(mas nem eu e nem você queremos apostar tudo de novo no pôquer)
Os mortos ao nosso lado estão lendo jornal
e ouvimos Rita Lee e pedimos um misto quente feito de cigarros e cerveja
e explicações incoerentes prá Nietzsche e prá Ben Jor
mas não encontramos, desistimos, rimos da nossa decadência e nos calamos em respeito à Chico Buarque
Ficamos em silêncio para que nossas mentiras soem reais
sejam concretas.
Somos sócios falidos, trechos perdidos por aí
no meio de quatro pessoas que bebem e resmungam e discutem sobre a tal mulher que foi atropelada ali perto
mas ela é o assunto de quatro minutos apenas e aí eles voltam a falar de futebol e
eu aspiro os teus olhos vazios
imensos de narcóticos e mínimos de iguana
pedindo para voltar para a casa e
eu apenas peço que escute a próxima canção
porque eu vou fechar os meus olhos e rabiscar um sorriso dentro deles.
(um sorriso que eu espero em logo poder tocar e encaixar sobre o meu)
Cruzamos uma esquina e quase podemos rever aqueles olhos.
corpo duna
Há 2 semanas
2 comentários:
putz! isto ficou lindo.
muito bom voltar ao teu blog. Gosto de te ler, gosto daqui.
Maurizio
Postar um comentário