domingo, 4 de janeiro de 2009

Sim.

-O que importa mesmo é o sim- disse Cal- No final ela sempre voltará ao sim

(Sylvia Plath)

Sim

Veemente e uníssono.

O sim que a despiu de seus pudores e a vestiu de desejos tão novos e surpreendentes que jamais pensara em sentir, que a fez o amar tão profunda e sinceramente que, ela estava ali em sua frente, disposta a se entregar pela primeira vez ao homem que queria acreditar que amava, que queria acreditar tão profunda e sinceramente que a amava e que, desejava mais do que qualquer outra coisa acreditar que poderia amar e ser amada.Ele apenas a beijou, enquanto a abraçava, talvez sem saber com o que fazer com aquele corpo que se entregava tão desesperadamente que não havia medo algum naqueles movimentos em direção ao seu corpo e dúvida naqueles olhos que percorriam o seu corpo nu com curiosidade.Ela sentia todos os medos do mundo pulsando dentro dela como se fosse a eles que ela estivesse se entregando, e não ele, e o seu corpo recuava de encontro ao corpo suado e estranho dele que os seus olhos iam descobrindo aos poucos, aquele corpo que ela sabia que não amava e que não iria conseguir amar.


-Vai doer?

-Só se você quiser.Mas é só esquecer que pode doer, tenta entrar no clima e confiar em mim

.-E se eu não confiar?

-É porque você não me ama. Se me amar, vai confiar e não vai doer.

Então ela tentou fechar os olhos e imaginar que confiava nele, que ele era o grande amor da sua vida e todas essas coisas clichês que meninas da sua idade pensavam enquanto ela era absorvida pelos livros de poesia simbolista e beat, onde não encontrava razão alguma para acreditar que o amor era algo em que poderia acreditar e se entregar.Os joelhos dele tocaram os dela, tentando abrir suas pernas para que ele pudesse saciar o seu desejo. Ela o sentia entrar em seu corpo como um objeto estranho e quente enquanto ela era um recepiente frio, e , aquela dor insuportável inundou o seu corpo como se ele estivesse lhe perfurando com uma navalha, e talvez se fosse outro, pensava, se fosse algum outro em que pudesse fechar os olhos e imaginar que confiava e que amava, talvez a dor não existiria, talvez aquele sangue não escorreria, talvez aquele nojo não a invadiria e ela não teria vomitado logo após o tão esperado adeus dos dois corpos.

Ela teria desejado jamais ter dito um sim.

4 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Arthur disse...

"And, in the end, it simply isn't worth. Your while to try and clean your life away. You can't. For, everything you do or say is there, forever. It leaves evidence.
In fact it's really only common sense; There's no such thing as nothing, not at all.
It may be really very, very small, but it's still there. In fact I think I'd guess that "no" does not exist.

There's only "yes"."

(Yes, 2004 - Sally Potter)

valeu pela visita =D

Arthur disse...

e ah, na minha casa não deixo mais espaço pro vazio, tudo se preenche, de matéria ou de futuro... quem sabe...

Joana D. disse...

são 3 letrinhas todas bonitinhas fácil de dizer