terça-feira, 26 de abril de 2011
O lapso incalculável
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Antigamente as canetas não falhavam
terça-feira, 19 de abril de 2011
Pelo coração da galinha
sexta-feira, 15 de abril de 2011
02:24
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Merda é tudo que não seja a morte
"O dia mais feliz da minha vida foi o dia em que escrevi minha primeira palavra feia no muro alto do colégio - exatamente essa bela palavra MERDA que agora me fita do outro lado da rua, como um desafio. MERDA é tudo que não seja a morte, que talvez também o seja, e disso sempre tiveram consciência os homens menos mentecaptos em seus momentos de maior lucidez, e que são poucos. Merda é a própria vida, mero eufemismo para uso dos salões elegantes e dos tratados diplomáticos, que também são uma merda como tudo mais, como sempre o foram e o serão até o fim dos tempos. Proponho mesmo que, em lugar dos nomes dos países, se diga simplesmente: Merda n.º 1, Merda n.º 2, e assim por diante, chamando-se aos Estados Unidos a capital de todas as merdas, como de fato eles o são."
Trecho de A lua vem da Ásia, de Campos de Carvalho.
domingo, 10 de abril de 2011
Paulistanagens #2
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Paulistanagens #1
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Homem de Papel.
terça-feira, 5 de abril de 2011
A fisiologia do amor
Não tenho dinheiro, nem recursos, nem esperanças. Sou o mais feliz dos homens vivos. Há um ano, há seis meses, eu pensava ser um artista. Não penso mais nisso. Eu sou. Tudo quanto era literatura se desprendeu de mim. Não há mais livros a escrever, graças a Deus. E isto então? Isto não é um livro. Isto é injúria, calúnia, difamação de caráter. Isto não é um livro, no sentido comum da palavra. Não, isto é um prolongado insulto, uma cusparada na cara da Arte, um pontapé no traseiro de Deus, do Homem, do Destino, do Tempo, do Amor, da Beleza.... e do que mais quiserem. Vou cantar para você, um pouco desafinado talvez, mas vou cantar. Cantarei enquanto você coaxa, dançarei sobre seu cadáver sujo... Para cantar é preciso primeiro abrir a boca. É preciso ter um par de pulmões e um pouco de conhecimento de música. Não é necessário ter harmônica ou violão. O essencial é querer cantar. Isto é, portanto, uma canção. Eu estou cantando. [...] Estamos em vinte e tantos de outubro. Não acompanho mais as datas. Que diz você? Meu sonho de 14 de novembro do ano passado? Há intervalos, mas ficam entre sonhos e deles não resta consciência alguma. O mundo ao meu redor está se dissolvendo, deixando aqui e acolá manchas de tempo. O mundo é um câncer que está comendo a si próprio... Estou pensando que, quando o grande silêncio descer sobre tudo e todos, a música triunfará por fim. Quando tudo se retirar de novo para o útero do tempo, o caos será restabelecido, e o caos é a página sobre a qual a realidade está escrita. Você, Tânia, é o meu caos. É por isso que canto. Não sou nem eu, é o mundo morrendo, deixando cair a pele do tempo. Eu ainda estou vivo, dando pontapés em seu útero, uma realidade sobre a qual escrever.
(Trópico de Câncer - Henry Miller, 1934)
Há cinismo no que me refiro ao amor que possuo por este escritor, tanto que este velho simpático no banner do blog nada mais é do que o próprio Miller, desenhado pelo amigo desde sempre Junker.
Trópico de Câncer está longe de ser meramente um romance. É um marco, é a poesia desenfreada das ruas boêmias de Paris encontrando o duro concreto da prosa moderna, requintada, moça de anáguas e cinta liga que não sabe como controlar toda a sua sexualidade ao mostrar os joelhos delicados ao cruzar as pernas perante a sociedade. Expõe, sem ser vulgar, e se o é, é da maneira mais sutil e perdoável. E ali, entre as pernas, que se encontra o melhor de Miller. Não é o sexo, que move Paris, que move Miller. É o amor, por algo que ele precisa justificar para que seus pecados sejam absorvidos, o fazendo assim, encontrar a paz em algum paraíso artificial que explode a cada capítulo com a força de um orgasmo, destruidor como um câncer.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Boa noite, e boa sorte.
"A nossa história é o resultado do que fazemos. Se continuarmos como estamos, a História se vingará e nos fará pagar. Às vezes, exaltemos a importância das idéias e da informação. Vamos sonhar com a possibilidade de um domingo à noite, no horário ocupado por Ed Sullivan, se faça um estudo clínico da educação. E que uma semana depois, o horário usado por Steve Allen, sirva para uma análise da política americana no Oriente Médio. Será que a imagem de nossos patrocinadores saíria arranhada? Será que os acionistas ficariam revoltados e reclamariam? O que aconteceria? A não ser que alguns milhões de pessoas se informassem mais sobre assuntos que determinam o futuro do país, e portanto, o futuro de nossas empresas. Áqueles que dizem que as pessoas não se interessam, que são complacentes, indiferentes e alienadas, eu apenas respondo que na minha opinião de repórter, há provas concretas de que essa afirmação é incorreta. Mas mesmo que não o seja, o que eles tem a perder? Se estiverem certos e nosso veículo (a televisão) só servir para divertir e alienar, a televisão está em perigo e logo veremos que nossa luta foi em vão. Este veículo pode esclarecer, pode ensinar e até inspirar, mas só pode fazer isso se as pessoas o usarem com esse objetivo. Senão, será apenas um monte de cabos e luzes dentro de uma caixa"
(Edward R. Murrow - Discurso proferido em 1964. Coletado do filme "Boa noite, e boa sorte")
O discurso, lido hoje, se tornou universal e por fim, atravessou gerações que se mantiveram sentadas frente à televisão, acompanhando a vida em intervalos preenchidos por comerciais da Coca- Cola. Nada mudou desde então, a não ser os métodos para calar os fatos e manipular a população. Talvez novos comerciais.