Mairiporã tem se tornado pequena demais
pros meus pés de passos largos demais
que já decoraram todas as suas histórias absurdamente tristes
de cidade que se conforma com o seu passado
coado a mofo e lágrimas
de cabeça baixa
olhando sempre pros lados.
Cidade que cresce prá dentro de si mesma
devorando o ego de cada morador
assim como o tempo
que vai corroendo as memórias
tal qual ácido sobre a pele.
Meus próximos anos estão escritos a lápis em algum lugar
em São Paulo
onde os meus passos vão ser pequenos e sorrateiros
mas onde
minhas asas possam estar abertas
para vôos maiores, sem atrasos
e sem escalas em Congonhas
Minha mãe enterrou o que restou do meu cordão umbilical
no jardim da minha casa
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
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15 comentários:
Conheço Mairiporã e conheço esse sentimento teu também. Sou de São Paulo, mas estou confinado novamente em Atibaia. Sou teu vizinho. Mairiporã é uma cidade estranha, parece que ela cresce sobre ela mesma, meio amontoada. E talvez a sensação de viver nela seja o de sufocação mesmo. Também não vejo a hora de voltar para São Paulo ou, quem sabe, ir para um lugar maior, mais assustador, New York, talvez. Gosto de sofrer, de sentir o desespero do desconhecido.
Claro que conheço a MOJO e adoro a proposta do site, porém nunca me arrisquei a mandar algo pra lá. Agora, tendo você como editora, fico mais à vontade. Posso mandar direto pelo site ou quer que te mande por e-mail algum texto?
Abraço, moça.
Ps. Quando (e se) puder, me diga se meu último texto te toca de alguma forma. Tenho dúvidas sobre ele.
Saber a hora de me alçar é tudo que quero, não paro de olhar o relógio e ver o segundo que piscará para mim.
Obrigada pelo comentário.
Abraço.
alçar vôos, pular da ponte, se jogar mesmo nessa vida tao imensa para ser restrita a apenas UMA cidade, apenas UMA cultura.. sei bem como é se sentir assim. apesar de Salvador nao ser lá uma cidade pequena, muito pelo contrário. é como se aqui existisse recordaçoes de mais, como se existisse muito de mim.. desejo-te dias bons.
beijos, querida!
Tem horas que precisamos simplesmente voar *-*
"Não sei onde estou indo, mas sei que estou no meu caminho" (Raulzito)
Para alguém que está mudando de cidade agora, e se adaptando, esse texto concluiu seu papel artístico de forma exímia no meu dia. Te agradeço por isso! Eu tava mesmo com saudades de passar por aqui...
Grande abraço!
Me lembrei de um instrumento que norteia os voos - a biruta - Hora chega que o vento sopra na direçãoa correta e o voo torna-se um fato natural.
Beijos, Katrina.
Obrigado pela visita e pelo comentário. Gostei bastante daqui. Você tem uma escrita muito pessoal e inconformista.
Passo a seguir com curiosidade o seu trabalho.
Abraço.
Perfeitas a naturalidade
e urbanidade dos versos.
Eu amo São Paulo.
Engraçado, queria morar na Bahia, São Paulo é tão cinza, tanta chuva ácida, me sinto consumida, diariamente...
asas abertas e vôos maiores...tomara que seja sempre assim...e que conquiste tudo que puderes.
Também cansei. Me sinto presa num cubo e correndo em círculos.
o mundo tá ficando pequeno demais...
Eu temo por esse vodu materno que te atormentará mais do que a lembrança da cidade materna...
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