Por que olha tanto para suas mãos, ela me pergunta enquanto eu viro as páginas
eu não sei, lhe respondo enquanto olho para minhas mãos,
percebe, digo,
eu só tenho páginas entre as minhas mãos. Nas palmas existem algumas linhas, mas
mas o quê, ela retruca enquanto tira o livro das minhas mãos
É engraçado só poder escrever nas folhas pautadas industrialmente as minhas histórias, mas não consigo escrever nas minhas próprias linhas a minha história
Não sei do que você está falando, e acaricia meu rosto num gesto quase infantil se não estivesse nua sobre mim procurando meu pau mole entre as pernas
Eu só tenho livros, não há mais nada concreto com o meu nome. Não tenho casa própria e
E eu acho que você deveria esquecer dessas coisas e se concentrar em mim, ela esconde a decepção de acariciar meu pau sem que ele se endurecesse.
Garota, não há nada concreto em mim, olha aí em suas mãos, nem isso, nem isso...
Vou te mostrar algo bem concreto prá ver se você se convence e cala essa boca, e eu percebo que sua boquinha fica trêmula e os seus olhos se tornam rígidos, se intumescem, me fascinam...
O que há de tão concreto em mim que...
(desmaio com a livrada que recebo em minha cabeça. Meu livro de 600 páginas, capa dura folheada de couro finíssimo, impresso ofsete sobre papel polén bold, gramatura de 90 g. O impacto da leitura pode não desfarelar seus miolos. Mas se você forçar esse impacto em sua cabeça, com determinação, é algo relativamente concreto)