Para Erik.
Ainda é vívida a lembrança daquele Astor, tocado num dia estranho na subida da rua Augusta, do seu braço envolvendo a minha cintura, movimento impensado talvez, com medo de me perder naquele instante entre um Adíos Nonino e Por una cabeza, que eu pedi com certa insistência para guardar para a posterioridade, mas que você nunca soube, que eu seria sua para sempre a partir daquele instante. Eu também fui sua dentro daquele ônibus onde, eu tremia de medo pelo acidente a nossa frente, talvez provocado pela minha insistência de não perder o ponto, mas meu destino era exatamente aquele, onde você acomodaria minha cabeça em seu ombro e cantaria em meu ouvido o que hoje é a música da qual me acalma, apesar dos soluços provocados pela sua falta. Fui sua em cada espera, em cada volta. Em cada esquina da consolação, em cada rua do centro. Na minha rodoviária, na sua estação de trem. Fui sua em cada cômodo, em cada pedaço. Em cada dia de chuva eu também fui sua, assim como em cada dia de sol. Até quando meu humor se ausentava e minha amargura destilava o meu veneno sobre você, eu também fui sua.
Fui sua até quando não era, e esperava para que fosse.
(e ainda sou, mesmo achando justo não o mais ser)
corpo duna
Há 2 semanas
6 comentários:
Detesto distâncias.
Principalmente as de pronome possessivo.
presente
O que você deve fazer com isso: guardar na pasta de textos muito bem escritos! =)
Faz tempo que não passo aqui. Texto bacana. Grande abraço.
Lindo, lindo... bjos!
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