Mairiporã tem se tornado pequena demais
pros meus pés de passos largos demais
que já decoraram todas as suas histórias absurdamente tristes
de cidade que se conforma com o seu passado
coado a mofo e lágrimas
de cabeça baixa
olhando sempre pros lados.
Cidade que cresce prá dentro de si mesma
devorando o ego de cada morador
assim como o tempo
que vai corroendo as memórias
tal qual ácido sobre a pele.
Meus próximos anos estão escritos a lápis em algum lugar
em São Paulo
onde os meus passos vão ser pequenos e sorrateiros
mas onde
minhas asas possam estar abertas
para vôos maiores, sem atrasos
e sem escalas em Congonhas
Minha mãe enterrou o que restou do meu cordão umbilical
no jardim da minha casa