domingo, 30 de maio de 2010

Cruzamentos

Na minha voz há outras vozes
minha poesia é medida em volts
Meus versos
fios condutores
se cruzam
e atropelam
emoções corriqueiras
desde então
tão rotineiras
mas não te encontram
se perdem
e me perdem
em outras vozes.
Morro ali,
num ponto final.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Blues Sugar Blues

He's not much on looks
He's no hero out of books
But I love him
Yes, I love him
(Billie Holiday- My man)




Retiro com pressa e avidez de uma amante insaciável os teus versos sujos & as tuas prosas doentias e vou desabotoando um por um esses teus complexos de cão solitário que vaga pela madrugada quase rasgando o teu alcoolismo vagabundo enquanto meus dedos vão procurando os teus antigos amores que vá lá saber
se realmente são antigos ou se foram de fato amores & os meus lábios vão se aprofundando nos teus lábios mofados de blues,
doce blues
e vão se perdendo em seu pescoço,
sugar blues
& vão de aproximando de toda a inspiração,
blues sugar blues
ali onde meus lábios não vão ser lábios mas apenas dois leves pedaços de carne, porque nossos corpos vão ser apenas carnes sobrepostas,
carnes que se invadem,
que se machucam freneticamente e não sentem dor
mas nós,
eu digo isso que é mais do que carne & sangue & fluídos,
seremos massa incorpórea, notas que vagam pelo ar saídas de uma guitarra, gaita, sax, seja o que for,
seremos jazz & blues
poesia mon amour em corpo de poema.

domingo, 16 de maio de 2010

Frase de um poeta que nos pagou cerveja.

Rua Augusta é primeiro mundo
para quem sabe viver.

(e tentamos todos os dias
descendo do paraíso
ao inferno
por algumas cervejas
e algum sexo
involuntário
aos nossos olhos)

Você invade os meus lábios
com palavras.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Uma estação após.

Preencho minhas linhas com poemas
se bem que
eu poderia preenchê-las com trilhos
e fazer minha vida seguir adiante

sábado, 8 de maio de 2010

Arranhão.

Aprendi com os meus gatos
7 vidas é muito pouco
quando se quer morrer de verdade

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Portifólio

Melhor que me culpe, que cuspa no meu rosto e o marque com os seus dedos. Que fique nele a impressão de dor, não a expressão. Meu blush é uma bofetada, meu batom são meus lábios sangrando e minha sombra são meus olhos roxos. Estou maquiada para a vida, essa que aprendi que para ser vivida tem que ser profunda e desesperadamente sentida.
Gosto quando me arranca pela cintura, fico meio mulher meio objeto em seus braços, corpo latejando em suspiros graduais que terminam em gemidos de amor e ódio. Gafieira de dor pelo asfalto, de fechar os olhos e imaginar algum Jards Macalé me fazendo sambar, enquanto você me toca violentamente como um violão num show de rock, desses de garagem, frustrado. Os dedos vão fundo, eu minto e peço que agora você venha fundo, põe tudo. Você acredita, eu choro baixinho. Costumava ser bom enquanto por dentro eu não era carne morta nem por fora carne viva
enquanto eu me amava
e não te amava