domingo, 28 de fevereiro de 2010
Edgar Allan Poe puxou o meu pé
Meio fio esquina com um sonho, você não entende a linguagem dos pássaros apesar de jogar runas para adivinhar o itinerário do ônibus. A vida se atrasa dois minutos no ponto G & todos enlouquecem por terem se esquecido dentro dos armários. Eu vou rir & você também da comédia da vida privada onde Deus dá a descarga.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
A carta que não será mandada
É, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
e olha para trás
(Vinicius de Moraes e Toquinho - A carta que não foi mandada)
Não espero nada de você além de que invada meu corpo com violência, deixei a suavidade de lado quando invadiu o meu peito. Jamais te culparia por uma distância que ajudei a medir, mas não me culpe pela maneira que encontrei de desfazê-la. Ninguém poderia ensinar sobre o que é o amor quando esse amor não pode ser tratado como universal, jamais te amaria como amei os outros. Não cabe no meu peito, por isso reservei boa parte desse amor para ser guardado entre minhas pernas.
Não sou uma qualquer, bem se sabe. Uma qualquer acredita em amor a primeira vista e fala dele com docilidade e delicadeza de uma virgem, esperançosa pela vinda de seu príncipe encantado. Falo de amor com a segurança de quem sabe o quanto ele é afiado, faca de açougue, uma lâmina que guardamos no peito e poucos tem a destreza de não se ferir com ele. Equilíbrio circense, eu diria, os demais dizem que isso é equilíbrio emocional. Infelizmente, todo amor em mim é hemorrágico. Por isso prefiro abrir minhas pernas do que abrir meu coração. Nunca esperei por um príncipe encantado, o homem perfeito. Sempre esperei por você e suas imperfeições mesquinhas, o gosto acentuado dos seus lábios por todos os cigarros de uma noite e seu cheiro de boêmia.
Não sonho em ser acordada com alguma canção de amor ao pé do ouvido, se assim o quisesse, programaria meu rádio para me despertar com Chet Becker. Se quiser me despertar, que seja com um sexo oral, desculpe minha sinceridade de mulher despida de pecados, mas cansei de mentir. Não espere de mim algum convite para ver qualquer comédia romântica ao seu lado. A que vivemos não tem a mínima graça, mas aceito o seu convite para uma cerveja no domingo enquanto vemos futebol e rimos da narração imparcial e precisa do Cléber Machado.
Não acredito em fidelidade, mas jamais perdoaria uma deslealdade. Nunca te perdoaria se te encontrasse na cama com outra sem ter me convidado para se juntar a vocês.
Espere de mim apenas o meu amor, esse que nunca te abandonou mesmo quando eu me procurava em outros corpos. Esse mesmo que não se importa de ser correspondido se em troca eu possa lhe causar algum tipo de felicidade momentânea, com o desejo de um dia chegar a ser definitiva. Esse mesmo, que faz meus dedos escreverem em todos os lugares do meu corpo o seu nome e que não sabe o que é tempo. O que sempre me guia de volta a você.
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
e olha para trás
(Vinicius de Moraes e Toquinho - A carta que não foi mandada)
Não espero nada de você além de que invada meu corpo com violência, deixei a suavidade de lado quando invadiu o meu peito. Jamais te culparia por uma distância que ajudei a medir, mas não me culpe pela maneira que encontrei de desfazê-la. Ninguém poderia ensinar sobre o que é o amor quando esse amor não pode ser tratado como universal, jamais te amaria como amei os outros. Não cabe no meu peito, por isso reservei boa parte desse amor para ser guardado entre minhas pernas.
Não sou uma qualquer, bem se sabe. Uma qualquer acredita em amor a primeira vista e fala dele com docilidade e delicadeza de uma virgem, esperançosa pela vinda de seu príncipe encantado. Falo de amor com a segurança de quem sabe o quanto ele é afiado, faca de açougue, uma lâmina que guardamos no peito e poucos tem a destreza de não se ferir com ele. Equilíbrio circense, eu diria, os demais dizem que isso é equilíbrio emocional. Infelizmente, todo amor em mim é hemorrágico. Por isso prefiro abrir minhas pernas do que abrir meu coração. Nunca esperei por um príncipe encantado, o homem perfeito. Sempre esperei por você e suas imperfeições mesquinhas, o gosto acentuado dos seus lábios por todos os cigarros de uma noite e seu cheiro de boêmia.
Não sonho em ser acordada com alguma canção de amor ao pé do ouvido, se assim o quisesse, programaria meu rádio para me despertar com Chet Becker. Se quiser me despertar, que seja com um sexo oral, desculpe minha sinceridade de mulher despida de pecados, mas cansei de mentir. Não espere de mim algum convite para ver qualquer comédia romântica ao seu lado. A que vivemos não tem a mínima graça, mas aceito o seu convite para uma cerveja no domingo enquanto vemos futebol e rimos da narração imparcial e precisa do Cléber Machado.
Não acredito em fidelidade, mas jamais perdoaria uma deslealdade. Nunca te perdoaria se te encontrasse na cama com outra sem ter me convidado para se juntar a vocês.
Espere de mim apenas o meu amor, esse que nunca te abandonou mesmo quando eu me procurava em outros corpos. Esse mesmo que não se importa de ser correspondido se em troca eu possa lhe causar algum tipo de felicidade momentânea, com o desejo de um dia chegar a ser definitiva. Esse mesmo, que faz meus dedos escreverem em todos os lugares do meu corpo o seu nome e que não sabe o que é tempo. O que sempre me guia de volta a você.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Era carnaval, 87
São paulo samba Adoniran Barbosa enquanto minhas saudades fazem frente à Cartola, que descuida do meu coração por alguns instantes e o deixa ser levado por estranhos efervescentes entre um bloco e outro, que me tiram para dançar com os seus olhos.
Meus confetes são feitos de cinzas.
Meus confetes são feitos de cinzas.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Despedida
Há um samba-enredo
sob meus pés
presos
sobre os trilhos do metrô.
Há uma avenida
rasgando o meu corpo
em pedaços de confetes.
O que restará
eu deixo prá queimar na quarta feira.
37 graus
o coração fazendo esquina com a Rua Municipal
onde ele ficará
por falta de espaço no meu peito
Eu só queria ter dito
que tudo
(ainda)
valeu a pena.
E que você
é mais do que meros fragmentos de um sonho
você foi um
por inteiro.
sob meus pés
presos
sobre os trilhos do metrô.
Há uma avenida
rasgando o meu corpo
em pedaços de confetes.
O que restará
eu deixo prá queimar na quarta feira.
37 graus
o coração fazendo esquina com a Rua Municipal
onde ele ficará
por falta de espaço no meu peito
Eu só queria ter dito
que tudo
(ainda)
valeu a pena.
E que você
é mais do que meros fragmentos de um sonho
você foi um
por inteiro.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Tango anacrônico
Sus ojos se cerraron
Y el mundo sigue andando
su boca que era mia
ya no me besa mas
Se apagaron los ecos
de su reir sonoro
Y es cruel este silencio
que me hace tanto mal...
(Carlos Gardel - Sus ojos se cerraron)
.
Deslizo sobre teu corpo enquanto Gardel chora por sua Buenos Aires convalescente, e os teus olhos encontram os meus lábios que encontram em suas pernas algum resto de tango. Velhos jornais com o rosto de Péron estampado amargurado em suas páginas anunciam o nosso amanhã que é tão breve quanto esta madrugada. Sussuro quase aos gritos de tão suaves e surdos que você mal pode compreender o quanto há de você em minha voz nesse silêncio que não consegue calar as vozes das mães da praça de maio, que clamam por seus filhos que estão muito além destas janelas, fechadas para todos os jogos propostos por Cortázar.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Samba, I love.
Se meus pés estivessem nus
eu sambaria o mundo
em todos os encontros.
Por ora
fico com os desencontros dos meus pés
em qualquer tango
que é a dignidade que meus saltos me permitem
até que eles se quebrem.
Depois virão os pés, quando quebrados,
fazendo que eu dance nas mãos do homem amado
conforme a música que ele escolherá
que sem meus passos
quebrados
a cada nota, no meu ritmo
não seria nada.
eu sambaria o mundo
em todos os encontros.
Por ora
fico com os desencontros dos meus pés
em qualquer tango
que é a dignidade que meus saltos me permitem
até que eles se quebrem.
Depois virão os pés, quando quebrados,
fazendo que eu dance nas mãos do homem amado
conforme a música que ele escolherá
que sem meus passos
quebrados
a cada nota, no meu ritmo
não seria nada.
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