O gosto amargo e suave daquele líquido negro e quente,toca meus lábios e me desperta.Estou novamente na mesma padaria,no mesmo horário e dia,no mesmo lugar,em frente a enorme janela que dá para a rua,onde observo o movimento dos carros e das pessoas.A vida continua a mesma em Mairiporã.Eu continuo a mesma,por mais que não o ache.
Com um papel em branco e ideias confusas na cabeça.O papel continua virgem após tantas tentativas frustradas de estuprá-lo com palavras e frases poéticas,que não fizeram sentido algum entre si.Apenas mais frases e mais palavras.Não há um poema.
Peço mais um café.Fecho os olhos e sinto seu agradável aroma.Ouço o ritmo acelerado dos funcionários da padaria e animado dos fregueses,sentados próximos a mim.Aliás,sou a única sozinha ali.Esperando por algo que sei que não virá.
A caneta se torna minha inimiga,por alguns instantes.Nela despejo toda a minha frustração.Mordo-a,deixo-a de lado,bato-a na mesa.O papel,ainda está ali,branco,imaculado.Minha mente está branca,vazia.Mas há algo dentro de mim pedindo para ser escrito.Mesmo quando escrevo algo,realmente bom,isso ainda grita e pulsa.
Ainda estou lá,perdida em meus pensamentos,olhando para todos os lados,implorando por ajuda.Não deles.
De quem?
De mim mesma.Daquela que,até aquele momento,sabia o que iria escrever.
Talvez,seja tudo obra do caos,para que eu escrevesse o que acabei por escrever.
Celebro o fato
De ter visto o verso
De outro dia negro
um dia negro.
Eu quero carregá-lo em meus braços
suportando todo o peso da dor
Esquecendo tudo o que eu não pude fazer hoje
nesse dia negro.
sábado, 19 de janeiro de 2008
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Um comentário:
tava procurando alguma coisa,que já nem lembro o que era.
eu queria achar esse lixo na minha porta,ou andando na rua e quase escorregar nele,ali...querendo ser tocado,querendo que alguém o sentisse,esse lixo é um luxo.
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