quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Esquina da Augusta com Dona Antonia de Queiroz

Eu sou uma solidão nua amarrada a um poste

(Roberto Piva)



Qualquer lugar seria o paraíso
mesmo que a pedrinha
não fosse jogada com a mesma força
(com a qual resisto ainda)
perto de você.

Talvez um dia lhe diga
mas ouvir Joni Mitchell agora
é cometer um suicídio aos poucos.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O que ela não sabe

A solidão tem um teto
uma cama confortável
e pantufas.
Tem leite com achocolatado de manhã
e o pão ás vezes quente
uma ou outra fruta
que com uma ou algumas mordidas
já é jogada no lixo.
Ela tem 50 reais na carteira
um cartão de crédito e débito
o cartão do convênio médico
e da sua psicóloga.
Ela tem um celular
em que o namorado liga todos os dias
que os amigos mandam mensagens reclamando do sumiço
ou dos amigos chamando para beber
Ela doí nos calcanhares
depois de um dia com a sapatilha nova
ou depois de uma noite inteira
de saltos altos
pelas ruas da Augusta
onde dançou no Outs
e terminou na sinuca do Bahia.
Mas a solidão não tem ideia do que é estar só
e não ser sustentada por mais ninguém.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vila Madalena mais Madalena do que Augusta

A delicadeza de um tango nos fones de ouvido
uma parte de mim é Buenos Aires
outra parte com mágoa
pelas ruas da Vila Madalena
onde todo mundo é poeta
de um poema só
do qual não rima com absolutamente nada
a não ser
com uma boêmia recalcada
importada da Augusta.

Eu ainda prefiro os grafites
dos que ainda resistem a isso
e dormem na zona norte.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Perene.

Nas pontas dos pés
sambo com a dor
de quem não tirou
um samba canção do seu corpo
e que apenas se contentou com uma marchinha
de um refrão bobo e incessante.
Você vem como destaque
do abre alas
do que ficou para trás
Como se rissemos
dessa distância
das linhas vermelhas
e patuás.

Não tê-lo
é um carnaval perene
em meu peito.